São Paulo — Um jovem negro foi espancado por policiais militares (PMs) durante uma abordagem na noite dessa sexta-feira (21/3). A agressão ocorreu em frente à casa dele, no bairro Jardim Colina, na região metropolitana de São Paulo.
Leonardo Igor Parreira, de 19 anos, ficou com o rosto desfigurado. O ajudante de caminhoneiro estava com um celular receptado, que foi apreendido e devolvido ao dono.
Nas imagens gravadas por vizinhos, é possível ver que o rapaz recebeu dezenas de socos e chutes dos policiais militares. Veja:
Agressão policial
Nos registros oficiais, obtidos pelo Metrópoles, Leonardo disse que estava fumando em companhia de amigos, quando uma viatura da Polícia Militar parou e jogou um “flash” de luz no rosto dele. Um dos agentes teria dito: “Joga fora o cigarro”.
A princípio, segundo o próprio jovem, ele relutou, mas, depois, jogou o cigarro no chão e pisou nele. Em seguida, um dos PMs disse que “a abordagem não tinha acabado” e mandou Leonardo colocar “a mão para trás”.
Os policiais, então, chamaram um “reforço” e, quando os outros agentes chegaram, começaram a violência física. A família de Leonardo reagiu com gritos, o que interrompeu as agressões. Devido às lesões que sofreu, o rapaz precisou ser atendido em um pronto-socorro na Vila Moraes, onde foi medicado.
De acordo com Higor Oliveira, advogado do agredido, a família está tomando as medidas necessárias para responsabilizar os policiais. “Vamos formalizar uma denúncia na corregedoria para que os policiais envolvidos sejam responsabilizados pelos seus excessos”, afirmou a defesa, em nota. “A comunidade local se une em apoio a Leonardo e exige justiça, ressaltando a importância de uma atuação policial que respeite os direitos e a dignidade de todos os cidadãos.”
O que dizem os PMs
Conforme o boletim de ocorrência, os policiais militares estavam realizando um patrulhamento de rotina. Por volta das 21h30, visualizaram um grupo de pessoas, que estava com “blusas de frio no calor” e em “atitude suspeita”, motivo pelo qual decidiram realizar a abordagem.
Responsáveis pela ocorrência, os policiais militares Marcos Vinícius dos Santos Guerra Martins e Francisco Carlos Sanches Junior não usavam câmeras corporais naquele momento.
Os agentes confirmaram que solicitaram apoio via rádio e mais três viaturas chegaram ao local. “Durante os trabalhos policiais, no momento de ser abordado, assim como foram os demais indivíduos, Leonardo se irritou frente à ação legal dos patrulhantes, de modo a resistir à abordagem, dizendo que: ‘não vou virar para trás’, ‘sou trabalhador’”, conforme consta nos registros.
Segundo os PMs, Leonardo teria se referido a eles como “vermes” e “lixos”. “Diante dos fatos, os militares utilizaram moderadamente a força e lograram êxito em conter Leonardo”, relataram no boletim de ocorrência.
Após revistarem o jovem, os agentes encontraram um celular. Na delegacia, após pesquisas, constatou-se que o aparelho eletrônico estava “impedido”.
O caso foi registrado no 26º Distrito Policial (Sacomã). Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SPP) não se pronunciou sobre o episódio de violência policial até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.