Investidores de títulos públicos, atenção: maio é mês de pagamento, e quem tem papéis do Tesouro IPCA+ 2025 vai ganhar uma bolada hoje (15) — data em que vence a aplicação e o Tesouro Nacional irá honrar o pagamento dos 33,5 milhões de títulos correspondentes.
A estimativa é que o governo irá desembolsar R$ 153 bilhões para pagar os investidores, somando principal e juros.
O Tesouro IPCA+ oferece ao investidor uma remuneração que corrige o valor principal pela inflação e ainda paga mais uma taxa prefixada estabelecida no momento da compra do título — o chamado “juro real”.
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De acordo com a Anbima, o juro real desses títulos estava entre 7,1% e 9,3% nos últimos dias de negociação.
Dependendo da inflação acumulada no período investido, essa remuneração combinada de inflação + taxa acima de 7% pode ter dobrado o capital investido.
Quem não tem destino certo para o dinheiro que vai entrar na conta com o vencimento do Tesouro IPCA+ 2025 provavelmente irá reinvesti-lo. A questão é, qual a melhor aplicação para colocar esse dinheiro e ter um bom retorno?
Com os juros básicos (Selic) em 14,75% ao ano, a melhor escolha é o Tesouro Selic? Mas, e o Tesouro IPCA+, que continua oferecendo juros reais acima de 7,0%? Há ainda títulos isentos, CDBs e uma série de possíveis investimentos em renda fixa.
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O Seu Dinheiro foi atrás de analistas para entender as melhores opções neste momento.
Reinvestir em Tesouro IPCA+?
Segundo Rafael Winalda, especialista em renda fixa do Inter, não é porque o dinheiro estava alocado em um título público indexado à inflação que todo o montante deve ser reaplicado da mesma forma.
“É importante fazer uma pausa, analisar a carteira atual e realizar um rebalanceamento, avaliando se há espaço para novos títulos indexados ao IPCA+”, diz Winalda.
O raciocínio mais adequado, de acordo com o especialista do Inter, é definir se o dinheiro será investido para o longo ou para o curto prazo. Dessa forma, é possível estabelecer a indexação mais adequada e que pode oferecer a melhor remuneração dentro do período estipulado.
A indexação à inflação, por exemplo, é uma alternativa para o médio e longo prazo, na visão de Winalda. Ele destaca que, mesmo com o recente fechamento na curva de juros, os papéis IPCA+ ainda estão sendo negociados a taxas historicamente altas, o que representa uma oportunidade interessante.
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“O título com vencimento em 2045, por exemplo, oferece um retorno atrativo. É verdade que possui maior volatilidade por conta do longo prazo, mas isso também permite travar uma taxa elevada por um período prolongado”, pondera. E indica o Tesouro IPCA+ 2029 como alternativa para o médio prazo.
Já quem está de olho em períodos de aplicação mais curtos, o especialista recomenda optar pela indexação atrelada aos juros (CDI).
“As alternativas que rendem próximo de 14,75% ao ano continuam bastante atrativas. O investidor estará bem posicionado nesses papéis, tanto em termos de liquidez quanto de rentabilidade compatível com o risco de curto prazo”, diz.
Em relação aos títulos prefixados — aqueles que estabelecem a remuneração no momento da aplicação —, Winalda recomenda uma exposição limitada a, no máximo, 5% do montante total. O especialista acredita que as taxas diminuíram bastante nos últimos dias e, com a possibilidade de uma inflação mais alta no curto, a margem de lucro real fica muito estreita.
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Opções de renda fixa
Entre os títulos públicos, há opções atreladas à inflação e aos juros. O Tesouro Direto oferece dois vencimentos para o Tesouro Selic: 2028 e 2031.
No Tesouro Selic 2028, a remuneração oferecida no vencimento é Selic + 0,0649%, enquanto para o Tesouro Selic 2031, o retorno prometido é de Selic + 0,1157%.
Para os títulos IPCA+, as opções de vencimento sem juros semestrais são três: 2029, 2040 e 2050. Com juros semestrais tem o Tesouro IPCA+ 2060.
Os juros reais oferecidos nos quatro títulos nesta quarta-feira (14) eram, respectivamente, 7,40%, 7,04%, 6,96% e 7,08%.
Para as analistas de renda fixa da Empiricus Research, Laís Costa e Djuliane Cavalcante, os títulos isentos de imposto de renda, como as debêntures incentivadas, também devem ser considerados — desde que o investidor tenha apetite para um pouco mais de risco na carteira, já que eles são crédito privado.
- O crédito privado tem um risco maior do que os títulos públicos e não contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso significa que o investidor fica exposto a diferentes riscos, como o risco de crédito da emissora, que pode se converter em inadimplência, e o risco de baixa liquidez, que dificulta a venda do papel no mercado secundário.
As analistas da Empiricus sugerem debêntures incentivadas com grau de investimento, que são as emissões com rating acima de A+ — podem ser AA, AA+ ou AAA. Veja:
- Mata de Santa Genebra (MSGT23), do setor de energia elétrica, com rating AA e retorno IPCA+7,07%;
- Hélio Valgas (HVSP11), também do setor de energia elétrica, com rating AAA e retorno IPCA+7,54%;
- Águas do Rio (RIS422), do setor de saneamento, com rating AA+ e retorno IPCA+8,36%.
Simulação
Para entender quanto as principais aplicações de renda fixa podem render, o Seu Dinheiro fez simulações com os principais ativos: Tesouro Selic, Tesouro IPCA+, LCI/LCA, CDB e Poupança.
Foi considerada uma aplicação inicial de R$ 100 mil para a simulação, sem aportes mensais, e os seguintes parâmetros:
- Uma Selic constante em 14,75% ao ano,
- Um CDI de 14,65% ao ano (uma vez que esta taxa costuma ser um pouco inferior à Selic),
- Inflação, medida pelo IPCA, de 4,95% ao ano,
- O CDB com 100% de rendimento do CDI,
- A LCI/LCA com 85% de rendimento do CDI, e
- Uma rentabilidade de 0,6763% para a Poupança.
Investimento | Retorno líquido | Valor pago em Imposto de Renda | Período de aplicação |
---|---|---|---|
Tesouro Selic | R$ 42.191,60 | R$ 7.605,46 | 3 anos |
CDB 100% | R$ 43.097,63 | R$ 7.605,46 | 3 anos |
Poupança | R$ 27.462,04 | – | 3 anos |
LCI/LCA 85% | R$ 223.363,61 | – | 10 anos |
Tesouro IPCA+ | R$ 172.499,17 | R$ 31.546,14 | 10 anos |
Vale lembrar que as aplicações no Tesouro Direto estão sujeitas à cobrança de imposto de renda, com alíquota regressiva conforme o prazo de aplicação — 22,5% para quem ficou com o título por seis meses ou menos a 15% para quem passou de dois anos com o papel.
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