Enquanto China e EUA começam a negociar as tarifas impostas por Donald Trump, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a passagem pela Ásia para mandar um recado ao norte-americano.
Ao lado do presidente da China, Xi Jinping, Lula afirmou que os dois países estão “dispostos a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo”.
O presidente brasileiro participou da abertura do Fórum ministerial China-Celac, que reúne em Pequim autoridades da América Latina e do Caribe.
Apesar de não mencionar o nome do presidente dos Estados Unidos durante a declaração à imprensa, após assinatura de atos com o governo chinês, Lula fez referência à política tarifária de Trump.
“Há anos, a ordem internacional já demanda reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo. A defesa intransigente do multilateralismo é uma tarefa urgente e necessária”, afirmou Lula.
O presidente continuou dizendo que “guerras comerciais não têm vencedores”. “Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem as rendas dos mais vulneráveis em todos os países. O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio”, declarou.
Lula também reforçou que esta foi sua segunda visita de Estado à China no atual mandato e que levou ao país asiático uma “expressiva delegação” com ministros e parlamentares. “A relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária”, disse.
Porém, não foi apenas Lula que mandou um recado para Donald Trump. Sem mencionar o nome do republicano, Xi Jinping afirmou que “intimidação e hegemonismo só levam ao auto-isolamento”.
Além disso, durante discurso na abertura do evento, o presidente chinês pediu aos países da América Latina e do Caribe para promoverem a estabilidade e a paz.
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Lula sobre guerras
Trump não foi o único a ser alvo das críticas de Lula. O presidente também citou a “insensatez dos conflitos armados” e comentou os casos das guerras ocorridas na Palestina e na Ucrânia.
Ele defendeu que acabar com esses conflitos “é precondição para o desenvolvimento” e disse que entendimentos firmados entre Brasil e China “para uma resolução política para a crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”.
“A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com o Estado de Israel”.
Lula também voltou a defender que o Conselho de Segurança das Nações Unidas reflita uma maior diversidade. “Somente uma ONU reformada poderá cumprir os ideais de paz, direitos humanos e progresso social consagrados em 1945 na Carta de São Francisco”, afirmou o presidente.
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Acordos atrás de acordos: a relação entre Brasil e China
Apesar dos comentários, o foco do presidente brasileiro era outro: discutir projetos e acordos entre China e Brasil. Lula falou sobre os entendimentos envolvendo os bancos centrais dos dois países e o lançamento de satélites para uso agrícola.
“Nunca um número tão grande de projetos foi discutido de maneira sistemática em tão pouco tempo. Os primeiros resultados concretos já podem ser constatados. A cooperação entre os bancos centrais permitirá uma maior integração financeira e facilitará investimentos. Com o programa Satélite de Recursos Terrestres Brasil-China, lançaremos dois satélites adicionais. Vamos gerar e compartilhar imagens para o uso ambiental, agrícola e meteorológico com os países do sul global”, declarou.
Além disso, mencionou uma discussão sobre financiamento de projetos de infraestrutura, sustentabilidade e energia.
“Há poucas semanas, uma missão chinesa esteve no Brasil para examinar oportunidades de investimentos em infraestrutura no âmbito das rotas de integração sul-americana”, disse Lula.
Após o encontro, o Brasil também passará a poder exportar mais cinco produtos agropecuários para a China, segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em publicação nas redes sociais.
O gigante asiático autorizou a importação de grãos secos de destilaria (DDGs, subproduto do etanol de milho), farelo de amendoim, miúdos de aves, carne de pato e de peru do Brasil.
Os países também acordaram um memorando de entendimento de medidas sanitárias e fitossanitárias.
“São três acordos firmados entre o Ministério da Agricultura e a Administração Geral das Alfândegas da China (GACC). Isso representa a cooperação bilateral nas medidas sanitárias e fitossanitárias que aumentam a segurança dos alimentos comercializados entre os países”, escreveu Fávaro em suas redes sociais.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
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