Em tempos de conflito, qualquer sinal de trégua costuma ser recebido como um alento. No front da guerra tarifária, o efeito é semelhante: bastou a Casa Branca reduzir o tom beligerante para os mercados respirarem com mais otimismo. E, nesse movimento, o bitcoin (BTC) foi um dos grandes beneficiados.
Após uma sequência positiva nos últimos dias, a maior criptomoeda do mundo passou a flertar com os US$ 94 mil na manhã desta quarta-feira (23), embalando o apetite dos investidores.
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A valorização levou o BTC a um novo marco simbólico: com valor de mercado de US$ 1,860 trilhão, o ativo digital superou a prata (US$ 1,857 trilhão) e a Alphabet, controladora do Google (US$ 1,859 trilhão), tornando-se o quinto ativo mais valioso do planeta.
Além do avanço pontual, o maior ativo digital do mundo também conseguiu apagar as perdas acumuladas no início de 2025 e agora caminha no campo positivo no ano, com alta de 0,46% desde 1º de janeiro.
Segundo dados do CoinMarketCap, por volta das 14h30 desta quarta-feira, o bitcoin era negociado a US$ 93,8 mil, com valorização de 3,29% nas últimas 24 horas. Mas o rali não foi exclusivo do BTC: no mesmo período, outras criptomoedas apresentaram desempenhos ainda mais expressivos — o XRP subiu 4,33%, a solana (SOL) avançou 5,22% e o ethereum (ETH), 6,08%.
Veja o desempenho das dez maiores criptomoedas do mundo hoje:
| # | Nome (Símbolo) | Preço (USD) | Variação 24h (%) | Variação 7d (%) | Variação YTD (%) |
|---|---|---|---|---|---|
| 1 | Bitcoin (BTC) | US$ 93.819,01 | 3,29% | 10,00% | 0,45% |
| 2 | Ethereum (ETH) | US$ 1.794,52 | 6,08% | 11,91% | – 46,13% |
| 3 | Tether (USDT) | US$ 1,00 | – 0,04% | 0,03% | 0,20% |
| 4 | XRP (XRP) | US$ 2,23 | 4,33% | 5,84% | 3,58% |
| 5 | BNB (BNB) | US$ 607,73 | – 0,08% | 3,88% | – 13,98% |
| 6 | Solana (SOL) | US$ 151,84 | 5,22% | 17,01% | – 21,68% |
| 7 | USDC (USDC) | US$ 1,00 | 0,00% | – 0,02% | – 0,01% |
| 8 | Dogecoin (DOGE) | US$ 0,18 | 5,30% | 15,08% | – 43,17% |
| 9 | Cardano (ADA) | US$ 0,71 | 7,64% | 15,31% | – 16,32% |
| 10 | TRON (TRX) | US$ 0,25 | – 0,42% | – 3,14% | – 3,33% |
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O otimismo e os riscos
O clima favorável nos mercados se consolidou após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicando que pretende adotar uma postura mais moderada na disputa comercial com a China. Ele também sinalizou que não pretende demitir Jerome Powell do comando do Federal Reserve — o que ajudou a reforçar a confiança dos investidores em escala global.
O resultado foi uma enxurrada de recursos nos ETFs de bitcoin listados nos EUA. Segundo a Bloomberg, apenas na terça-feira (22), esses fundos registraram entradas combinadas de US$ 936 milhões — a terceira maior do ano.
O setor também foi impulsionado por um relatório que indica negociações entre Cantor Fitzgerald LP, Tether Holdings Ltd. e SoftBank Group para formar um veículo de investimento de US$ 3 bilhões com o objetivo de absorver bilhões de dólares em criptoativos.
Mas, como lembra o ditado, “o seguro morreu de velho”. E o mercado, por mais otimista que esteja, não está livre de riscos.
“O mercado subiu implacavelmente e parece um pouco sobrecomprado neste momento”, disse Stefan von Haenisch, diretor de negociações de balcão na Ásia-Pacífico da Bitgo, à Bloomberg. Ele acrescenta: “uma correção para pelo menos US$ 88 mil no bitcoin não seria inesperada”.
No Brasil, a QR Capital, gestora especializada em ativos digitais, também alertou para mudanças relevantes no comportamento do investidor. Em nota, a empresa afirmou ter observado “uma queda acentuada no volume de negociação à vista em bolsas centralizadas, com uma migração de liquidez para o mercado futuro”.
Essa movimentação, segundo a gestora, indica que investidores “estão buscando alavancagem para posições mais agressivas em cripto”.
No entanto, o aparente sinal de confiança também acende um alerta, “embora isso denote confiança, também aumenta o risco de correções acentuadas: um excesso de posições alavancadas pode desencadear liquidações em cascata caso haja uma reversão súbita no sentimento do mercado”.
*Com informações do Money Times e Bloomberg
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