No balanço das horas tudo pode mudar, mas se estivermos falando dos conflitos no Oriente Médio, podemos reduzir esse intervalo para minutos. A terça-feira (24) foi tomada por relatos de que tanto Israel como o Irã estariam desrespeitando o cessar-fogo anunciado na véspera e agora a noite um relatório vazado tem potencial de incendiar (de novo) o conflito.
Três fontes familiarizadas com o relatório conversaram com a NBC News e informaram que a avaliação inicial da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA indica que os ataques norte-americanos do último sábado (21) não destruíram completamente as três instalações nucleares iranianas.
Embora os danos tenham sido significativos, as fontes indicam que, segundo o relatório, peças centrais do programa nuclear do Irã não teriam sido destruídas.
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“Esta avaliação está constatando que essas peças centrais ainda estão intactas. Isso é um mau sinal para o programa como um todo”, disse uma das três fontes à NBC sob condição de anonimato.
Também consta na avaliação que os ataques dos EUA atrasaram o programa nuclear do Irã em cerca de três a seis meses e que o estoque de urânio enriquecido do Irã não foi destruído, enquanto as centrífugas de Teerã permanecem praticamente intactas.
Antes do relatório da inteligência norte-americana ter vazado, o The New York Times já havia noticiado que um relatório preliminar e confidencial concluiu que os bombardeios dos EUA não destruíram as edificações subterrâneas das instalações nucleares do Irã.
Inteligência contradiz Trump
As descobertas da inteligência contradizem tanto o presidente norte-americano, Donald Trump, quanto o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, que afirmaram que os ataques obliteraram completamente as instalações nucleares iranianas.
Na segunda-feira (23), Trump escreveu no Truth Social: “Os locais que atacamos no Irã foram totalmente destruídos, e todos sabem disso”.
Em comunicado à NBC, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que a “suposta avaliação está completamente errada e foi classificada como ‘ultrassecreta’, mas mesmo assim foi vazada por um perdedor anônimo e de baixo escalão da comunidade de inteligência”.
“O vazamento dessa suposta avaliação é uma tentativa clara de rebaixar o presidente Trump e desacreditar os bravos pilotos de caça que conduziram uma missão perfeitamente executada para destruir o programa nuclear do Irã”, disse Leavitt.
“Todos sabem o que acontece quando se lançam 14 bombas de 13.600 kg perfeitamente sobre seus alvos: destruição total”, acrescentou a porta-voz.
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AIEA fala em danos extensos
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) fala em danos extensos ao avaliar os ataques dos EUA de sábado (21).
“Nossa avaliação é de que houve alguma liberação localizada de elementos radioativos e químicos dentro das instalações afetadas que continham material nuclear — principalmente urânio enriquecido em graus variados”, afirmou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, em um comunicado à imprensa.
Ele disse que “não houve relatos de aumento dos níveis de radiação fora das instalações” ou de impacto radiológico em países vizinhos. E “crucialmente em termos de segurança nuclear, os reatores de pesquisa e energia do Irã não foram alvos”, acrescentou.
Os ataques norte-americanos à instalação nuclear iraniana de Natanz criaram dois buracos de impacto acima das salas subterrâneas que eram usadas para enriquecimento, segundo o comunicado da AIEA.
“Com base em seu conhecimento do conteúdo dessas salas, a AIEA avalia que este ataque pode ter causado contaminação localizada e riscos químicos”, afirmou a agência.
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Israel promete atacar o Irã de novo
Em meio a um cessar-fogo frágil e ao vazamento do relatório da inteligência norte-americana, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um alerta: atacará novamente se o Irã pensar em reconstruir seu programa nuclear.
“Destruímos as principais instalações em Arak, Natanz e Isfahan”, disse Netanyahu em declarações à nação.
Ele considera o ataque de Israel ao Irã “uma vitória histórica” e afirma que seu país teria “enfrentado o perigo de aniquilação” se não agisse.
Netanyahu também afirma que Israel “nunca teve um amigo maior” do que Trump, que, segundo ele, “se uniu à nossa causa de uma forma sem precedentes”.
“Não devemos afrouxar o passo. O Hamas deve ser derrotado e nossos reféns devem ser trazidos de volta para casa”, disse o premiê, acrescentando que Israel “não tem intenção de tirar o pé do acelerador”.
*Com informações da NBC News e da CNBC
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