O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi ao encontro do presidente dos EUA, Donald Trump, levando presentes na bagagem: aumento das compras de gás natural liquefeito, de veículos de combate e de motores a jato.
Na mala de mão, o premiê ainda carregava possíveis acordos sobre exportações agrícolas dos EUA para a Índia e investimentos em energia nuclear.
A esperança era levar para casa concessões tarifárias.
Embora Trump tenha tido um relacionamento caloroso com Modi em seu primeiro mandato, o republicano chamou a Índia de grande abusadora no comércio e os recentes impostos sobre aço e alumínio atingiram o país de forma particularmente dura.
Não à toa, o chefe do programa da Índia no Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, Richard Rossow, previu que o encontro entre os dois líderes seria uma luta de boxe.
“Acho que a Índia está disposta a levar alguns golpes, mas tudo tem limite”, afirmou Rossow antes de Trump e Modi se reunirem.
Só que o encontro entre os dois vai além de tarifas, acordos comerciais, imigração ilegal ou a entrada a Starlink de Elon Musk no mercado do Sul da Ásia.
A Índia pode ser crítica para a estratégia de Trump de frustrar a China.
Do lado dos EUA, a estratégia é clara: impedir que os chineses se tornem a maior economia do mundo e imponham seu modus operandi na geopolítica global.
Do lado indiano, há cautela com o aumento das forças militares da vizinha China e também a competição por muitos dos mesmos mercados.
Modi ainda se preocupa que Trump possa fechar um acordo com a China que exclua a Índia.
O casamento entre Trump e Modi — visando a China — seria perfeito não fosse o fato de a Índia evitar o confronto direto com Pequim, mantendo uma política externa de ambiguidade estratégica para evitar escolher lados em grandes conflitos internacionais.
Essa abordagem também significa que a Índia mantém laços com a Rússia enquanto Moscou conduz a guerra com a Ucrânia.
A Índia continua sendo um grande consumidor de energia russa, por exemplo, enquanto o Ocidente tem trabalhado para cortar seu próprio consumo desde o início do conflito.
Por isso, o encontro entre Modi e Trump oferece mais pistas sobre qual pressão o republicano quer que as principais potências externas apliquem para avançar nas principais negociações internacionais do que se imagina.
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