São Paulo — O Bolo do Bixiga acontece neste sábado (25/1) na Rua Rui Barbosa, no centro de São Paulo, em uma celebração do legado do bairro que há 40 anos homenageia a cidade na data do seu aniversário — a capital completa 471 anos.
Criado em 1985 por Armandinho Puglisi, um dos maiores divulgadores do bairro, o evento foi assumido por Walter Taverna após o falecimento de seu fundador.
Thais Taverna, neta de Walter, é uma das organizadoras da festa atualmente, seguindo o exemplo de seu avô, falecido em maio de 2022.
“O papel do Bolo do Bixiga, que hoje faz 40 anos, é a gente entender o que é uma tradição. O que é preservar a história, a memória de um lugar, de um país. É um evento que traz pertencimento à população“, disse Thais ao Metrópoles.
Tradicionalmente, o Bixiga expunha um único e imenso bolo que era devorado em segundos pelos presentes. Atualmente, cada um leva um bolo para ser distribuído na Rua Rui Barbosa. Neste ano, devem ser reunidos 471 bolos, um para cada ano da cidade.
A comerciante Eliane Santos da Silva, de 47 anos, é um exemplo de uma moradora que contribui para a preservação da tradição do bairro desde 2017. Ela trouxe 10 bolos para o evento deste ano.
“Foi uma maratona. Juntou eu, minha mãe, minha filha e passamos a madrugada adentro e fomos até as 3h da manhã de hoje”, revelou Eliane.
O evento começou às 9h deste sábado. Os bolos foram recebidos por voluntários até as 11h e, ao meio-dia, seriam cortados e distribuídos ao público, em meio a entoação de “Parabéns para você”.
No primeiro ano em que a festa foi realizada, Armandinho Puglisi teve a ideia de fazer um bolo gigante de aniversário para São Paulo, convocando as “mammas” italianas do Bixiga para isso. Até 2008, as pessoas “atacavam“ o bolo para ganhar o seu pedaço.
Durante a pandemia, em 2021, o bolo foi virtual. Em 2022, a festa foi substituída por arrecadação de alimentos e entrega de cestas básicas.
Quando Taverna faleceu em 2022, a edição de 2023 não foi realizada.
A jornalista Tatiana Cavalcante, de 45 anos, organiza o evento desde 2018, e nasceu e morou no bairro. Ela explicou que a disposição dos bolos deste ano é em ordem cronológica da história do bairro, começando com um bolo estampado com uma foto do fundador Armandinho Puglisi e em seguida com outras figuras relevantes.
A organização da festa, segundo ela, começa no ano anterior. “A comunidade sempre se empolga para fazer bonito. A gente não quer deixar isso morrer.”