No início de dezembro, o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol causou surpresa e apreensão ao impor lei marcial em seu país. Menos de duas semanas depois, o Parlamento da Coreia do Sul votou neste sábado (14) pela abertura de um processo de impeachment contra Yoon.
Poderia ter acontecido antes. No fim de semana passado, Yoon sobreviveu a uma primeira votação de impeachment. Na ocasião, seu partido boicotou a votação, impedindo que houvesse quórum.
No entanto, o clamor popular pela saída do presidente impediu que a situação se repetisse hoje.
Nos últimos dias, parlamentares filiados ao Partido do Poder Popular, de Yoon, passaram a admitir a possibilidade de votar pelo impeachment em uma segunda votação.
A abertura do processo de impeachment foi aprovada por 204 votos a 85 na Assembleia Nacional da Coreia do Sul.
Os poderes e deveres presidenciais de Yoon serão suspensos assim que ele e o Tribunal Constitucional da Coreia do Sul forem formalmente notificados.
Durante o processo de impeachment, a presidência caberá interinamente ao primeiro-ministro Han Duck-soo.
Agora, o Tribunal Constitucional tem 180 dias para decidir se destitui Yoon da presidência ou se restaura seus poderes.
Se ele for removido do cargo, uma eleição nacional para escolher seu sucessor deverá ser realizada no prazo de 60 dias após a decisão.
Ao anunciar o resultado da votação, o presidente da Assembleia Nacional, Woo Won Shik, disse que a abertura do processo de impeachment de Yoon foi motivado pelo “ardente desejo do povo por democracia, coragem e dedicação”.
Ao receber a notícia do resultado, Yoon Suk Yeol qualificou a suspensão como uma pausa “temporária” de sua presidência e disse que “nunca desistirá”.
O que levou à abertura do processo de impeachment
Em 3 de dezembro, Yoon impôs lei marcial pela primeira vez desde o golpe militar de 1979 na Coreia do Sul.
O presidente concedeu amplos poderes emergenciais às forças armadas para, nas palavras dele, “preservar a ordem constitucional […] e erradicar vergonhosos grupos antiestatais pró-Coreia do Norte que estão roubando a alegria e a felicidade de nosso povo”.
Yoon rescindiu o decreto apenas seis horas depois, depois de ser desafiado pelo Parlamento e pelas próprias forças de segurança.
A ação de Yoon foi qualificada por analistas e opositores como uma tentativa de autogolpe.
Ele vem enfrentando uma série de escândalos desde sua posse, em 2022. Alguns desses escândalos envolvem denúncias contra sua esposa, a empresária Kim Keon Hee.
Ela é suspeita de manipulação de mercado, interferência eleitoral e suborno, entre outras alegações.
Opositores acusam o presidente de ter decretado lei marcial com o objetivo de dificultar o avanço de investigações contra a esposa.
Além do processo de impeachment, Yoon também está vulnerável a processos na justiça comum. Ele é alvo de uma investigação criminal e está proibido de deixar a Coreia do Sul.
*Com informações de agências de notícias internacionais.
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