A pergunta ocorre ao corredor experiente, que não abre mão de uma maratona, e também àquele que puxa ferro na academia ou no box de crossfit. Iniciantes ou veteranos, todos que saem de casa para suar a camisa já se perguntaram (ou, ao menos, deveriam): qual o tênis ideal para o esporte que pratico?
Escolher o calçado certo para cada tipo de exercício não é uma questão de conforto ou estilo: é uma decisão que impacta diretamente na saúde, na performance e na prevenção de lesões.
Corrida e musculação, apesar de ambas serem atividades físicas, exigem estímulos muito diferentes do corpo — e, consequentemente, calçados específicos. E, se recentemente uma usuária do Threads chamou atenção para a questão com um deboche que viralizou na plataforma, profissionais tendem a concordar que cada modalidade pede sim um calçado específico.
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Em um mercado inundado por tecnologias e promessas de desempenho, a escolha certa pode parecer um desafio. Por isso recorremos a profissionais que nos ajudaram a descobrir o que priorizar na hora de investir em um tênis para praticar exercício em 2025 — afinal, faz diferença mesmo?
Corrida x Musculação: por que um tênis não serve para tudo?
O ponto de partida para a escolha certa é entender qual esforço é exigido por cada atividade.
A corrida é um exercício de progressão linear, marcado por um ciclo de passadas e impactos a cada contato do pé com o solo.
Já a musculação e os treinos funcionais abrangem um espectro mais amplo de movimentos – agachamentos, levantamentos, saltos, e deslocamentos – que pedem uma base sólida, estabilidade e contato firme com o chão.
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“A corrida e a musculação são esportes totalmente diferentes”, reforça o treinador físico João Pedro Santoro, destacando que o alto impacto da corrida demanda um tênis adaptado ao formato do pé, com boa maciez e responsividade, enquanto na musculação, o foco muda, não havendo a mesma necessidade de leveza e amortecimento.
Para Leandra Batista, professora de Educação Física do Centro Universitário de Brasília (CEUB), a estrutura do tênis interfere diretamente nos movimentos de cada prática.
“No caso da corrida, fatores como o amortecimento, o drop (diferença de altura entre o calcanhar e o antepé) e a rigidez da sola influenciam na distribuição de força e no gasto energético. Já em treinos de força, calçados com solado rígido e perfil mais baixo favorecem a estabilidade em exercícios como agachamento e levantamento terra, reduzindo compensações musculares e posturais.”
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Impacto na saúde e performance
A decisão sobre qual tênis usar vai além da sensação de conforto; ela é uma questão ligada à saúde e à performance.
“Diversos estudos comprovam que a estrutura do calçado interfere diretamente na biomecânica dos movimentos. Isso impacta tanto a eficiência dos treinos quanto a prevenção de lesões”, conta Leandra.
Para os corredores, ela explica que “um tênis com amortecimento adequado e suporte de arco ajuda a reduzir o impacto nas articulações e melhora a economia de movimento”, algo essencial para evitar lesões e fraturas por estresse.
No ambiente da musculação, segundo a professora, “o uso de calçados com solado firme e reto melhora a transferência de força e a estabilidade. Isso minimiza o risco de lesões causadas por desequilíbrios posturais, sobretudo em exercícios de carga elevada”.
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O perigo de errar no tênis
Ignorar as especificidades de cada modalidade e optar pelo tênis errado pode abrir portas para uma série de problemas.
“Na corrida, isso significa maior risco de sobrecarga em articulações, com impacto acumulado ao longo do tempo”, alerta Leandra. “Já na musculação, tênis com solado muito macio, como os típicos de corrida, reduzem a estabilidade e aumentam a chance de lesões, principalmente em articulações como tornozelos, joelhos e coluna.”
João Pedro complementa, citando o erro comum de corredores iniciantes usarem tênis casuais, o que pode gerar fascites plantares e canelites.
“Os praticantes de musculação que optam por tênis de corrida, mais altos e macios, terão dificuldade em manter o equilíbrio em exercícios como agachamentos, prejudicando o tornozelo”, ressalta o treinador.
O que priorizar na escolha do tênis ideal?
Para treinos de força, o solado deve ser flexível para permitir movimentos variados, mas firme o suficiente para suporte lateral e boa aderência.
“Quanto mais próximo do solo, maior a estabilidade”, orienta Leandra. “Evite tênis com amortecimento excessivo, pois eles atrapalham a base firme necessária nos exercícios de força. Solas de borracha lisa ou pouco recortada aumentam a aderência ao solo.”
Para corrida, o amortecimento deve ser compatível com o peso corporal e o tipo de pisada do atleta. “O drop ideal depende do estilo de corrida”, diz Leandra.
Ela ainda acrescenta que a rigidez da sola também influencia: modelos mais rígidos favorecem a eficiência em velocidades maiores.
“A geometria deve permitir uma transição suave entre o calcanhar e o antepé, o que reduz o risco de lesões”, completa, ainda citando que o peso do tênis afeta a economia de corrida.
O futuro nos pés
A indústria de calçados esportivos segue inovando para aprimorar a experiência do atleta. Em 2024, o mercado foi estimado em US$ 185 bilhões, valor que deve chegar a US$ 258 bilhões até 2029, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 4,63%, apontam dados da Mordor Intelligence.
Marcas como Nike, Adidas e New Balance desenvolvem espumas baseadas em PEBAX ou infundidas com nitrogênio, que equilibram amortecimento, leveza e retorno de energia.
Placas de carbono e TPU se firmaram nos tênis de alta performance, aumentando a propulsão e a eficiência. Os cabedais também não ficam atrás, utilizando materiais como malhas projetadas que oferecem respirabilidade, suporte adaptável e ajustes precisos.
Vale o investimento?
Com tanta tecnologia disponível, surge a dúvida: é preciso investir caro no tênis mais avançado? João Pedro destaca que o tênis é importante, mas o essencial é ter uma boa periodização de treino, respeitando a individualidade.
Atletas experientes tendem a investir mais, já que modelos de ponta oferecem vantagens em leveza e resposta, especialmente na corrida.
No entanto, ele ressalta que isso não é necessariamente decisivo — para a maioria, um modelo básico, desde que adequado, já atende bem. A necessidade por calçados mais caros e tecnológicos surge com o tempo e a experiência.
“A orientação de um profissional pode fazer toda a diferença. Uma análise biomecânica individualizada garante que o calçado esteja alinhado às necessidades específicas do corpo e da modalidade praticada. Investir no tênis certo é cuidar da saúde e otimizar resultados”, finaliza Leandra.
A seguir, reunimos os melhores exemplares por modalidade.
Os 10 melhores tênis para corrida e musculação em 2025
Corrida
Nike Alphafly 3
Tênis topo de linha da Nike, o Alphafly 3 é pensado para maratonistas e corredores experientes. Combina espuma ZoomX, duas unidades Air Zoom e uma placa de carbono para máxima propulsão. O cabedal Atomknit é leve e respirável, e o drop de 8 mm garante estabilidade e velocidade: ideal para quem busca performance em alto nível.

ASICS Metaspeed Sky Paris
Feito para quem aumenta a passada com o ritmo (stride runners), o Metaspeed Sky Paris oferece leveza e economia de energia. A entressola FF Turbo Plus e a placa de carbono trabalham juntas para uma passada rápida, enquanto o cabedal Motion Wrap 2.0 garante ventilação e conforto. O drop de 5 mm favorece uma corrida fluida e natural.

New Balance FuelCell SuperComp Elite v4
Modelo mais avançado da New Balance, o FuelCell SuperComp Elite v4 equilibra conforto, leveza e potência. A entressola FuelCell (100% PEBA) proporciona ótimo retorno de energia, enquanto a placa de carbono Energy Arc melhora a eficiência da passada. Com drop de 4 mm, é ideal para provas e treinos de média a longa distância.

Hoka Rocket X2
Oferecendo bom amortecimento e estabilidade, o Rocket X2 vem com espuma PEBA de dupla densidade e placa de carbono integrada à construção ProflyX. O MetaRocker garante transições suaves, enquanto o drop de 5 mm e o cabedal técnico o tornam uma escolha confortável até para longas distâncias.

Adidas Adizero Adios Pro 4
Popular entre corredores profissionais, a quarta evolução do Adizero Adios Pro combina espuma Lightstrike Pro e hastes de carbono EnergyRods 2.0 para máxima impulsão. O drop de 6 mm e o design favorecem a velocidade e equilíbrio entre retorno de energia e conforto.

Musculação
Nike Metcon 9
O Metcon 9 é a nona evolução de um dos tênis mais queridos entre os praticantes de crossfit, musculação e treinos de alta intensidade. Possui solado firme, base larga e clip no calcanhar que oferece mais segurança. O cabedal é resistente e bem ventilado, ótimo para treinos pesados e variados.

Reebok Nano X4
Versátil e confortável, o Nano X4 serve tanto para força quanto para treinos funcionais. A entressola Floatride Energy Foam oferece bom amortecimento, e o cabedal Flexweave garante durabilidade e respirabilidade. O drop é projetado para dar suporte e estabilidade em diferentes exercícios.

TYR CXT-1 Trainer
Feito para atletas exigentes, o CXT-1 Trainer oferece tração excelente e base firme para estabilidade: ideal para treinos de força, levantamento e movimentos unilaterais. Se destacou no crossfit por sua eficiência e controle.

Under Armour TriBase Reign 6
O TriBase Reign 6 foi projetado para quem busca contato firme com o solo, já que possui drop de apenas 2 mm, com sola que favorece aderência e distribuição de força. O cabedal oferece bom suporte lateral, o que torna o modelo ótimo para treinos de força, equilíbrio e estabilidade.

Nobull Crossfit Trainer+
Resistente e estável, o Crossfit Trainer+ conta com cabedal em SuperFabric que aguenta treinos intensos. A sola larga oferece ótima base, e o drop de 4 mm contribui para um bom alinhamento corporal. Boa opção para quem busca um tênis confiável e durável para musculação e, principalmente, crossfit.

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