A crise na Voepass ganhou um novo capítulo na terça-feira (22), quando a companhia aérea de Ribeirão Preto (SP) entrou com um novo pedido de recuperação judicial e apontou e a Latam como a principal responsável pelo buraco financeiro em que se encontra. Sim, a treta é pesada.
Latam e Voepass: parceria ou controle?
No pedido formal apresentado à Justiça, ao qual o G1 teve acesso, a Voepass afirma que a Latam exerceu “elevado poder de ingerência” na relação comercial entre as duas empresas.
E não para por aí: a Voepass revelou que o contrato entre elas era um Capacity Purchase Agreement (CPA), e não apenas um codeshare simples. Dessa forma, segundo a Voepass, a Latam teria controle quase total sobre a gestão da companhia, como se fosse uma sociedade.
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A Voepass afirma que, após o trágico acidente aéreo em Vinhedo (SP), que matou 62 pessoas em agosto de 2024, a Latam teria solicitado a suspensão das operações de quatro aeronaves, deixando apenas seis voando. Para piorar, a Latam também teria deixado de repassar cerca de R$ 35 milhões relacionados à manutenção dos aviões.
Recuperação judicial e dívida milionária
Essa é a segunda vez que a Voepass entra com pedido de recuperação judicial. O motivo? Uma dívida que gira em torno de R$ 400 milhões, segundo informações atualizadas na petição. Esse valor não inclui débitos em dólares, o que pode elevar ainda mais o tamanho do rombo financeiro.
A empresa informou ainda que, desses R$ 400 milhões, R$ 209,2 milhões foram detalhados no pedido recente, sendo R$ 162,2 milhões com credores quirografários — aqueles que não têm garantia real.
A crise, segundo a empresa, foi alimentada por três grandes fatores:
- O impacto do acidente aéreo em Vinhedo;
- A suspensão das operações pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) após detectar falhas de segurança;
- E o conflito com a Latam, que, de acordo com a Voepass, antes do desastre aéreo representava 93% do faturamento total da empresa.
Em nota, a Voepass afirma que “caso o pedido de recuperação judicial seja deferido pela Justiça, todos os passivos serão congelados e negociados com base em um plano detalhado que será elaborado para atender todos os credores”.
Na sequência, a aérea destacou que o pedido não inclui os processos relacionados ao acidente de Vinhedo, que segue sob responsabilidade da seguradora.
Voepass em turbulência: recuperação judicial é a última esperança
Antes de entrar com o pedido de recuperação judicial, a Voepass já havia tentado reestruturar suas finanças e suspender ações de cobrança e apreensão de aeronaves. No entanto, nada adiantou.
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Sem autorização da Anac para voltar a operar, a empresa iniciou demissões, embora não tenha divulgado quantos funcionários foram desligados.
A situação da companhia é delicada e, até que a Justiça aceite o novo plano de recuperação, os céus continuam fechados para a empresa.
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