Donald Trump provocou um verdadeiro caos em Wall Street nesta segunda-feira (10), mas muito antes de o republicano derrubar as bolsas por lá — e por aqui — o fundo Verde, de Luis Stuhlberger, fugiu do risco e zerou boa parte das alocações líquidas em ações, tanto no mercado local quanto global.
A carta mensal divulgada no início da noite de hoje mostra que o Verde fez algumas movimentações durante o mês de fevereiro para diminuir seu perfil de risco de maneira significativa e um dos motivos é Trump.
“O grau de incerteza sobre o cenário global subiu notadamente ao longo do mês de fevereiro. Temos comentado sobre a questão ruído versus sinal desde a eleição do presidente [norte-americano Donald] Trump, mas neste mês o volume de ruído foi elevado de maneira significativa, e veio acompanhado de sinais preocupantes”, diz a carta.
Segundo o Verde, o rearranjo do sistema geopolítico global não é tarefa simples, e o uso de medidas tarifárias para alcançá-lo subestima uma série de complexidades da estrutura das cadeias de suprimento forjadas nos últimos quarenta anos.
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A bola de cristal de Stuhlberger
Segundo o fundo, o grau de incerteza em relação à economia norte-americana tem subido, acompanhado de “uma curiosa narrativa do governo de ser necessário um período de ‘desintoxicação’ dos agentes econômicos”.
“Os mercados têm lido essa narrativa como um perigoso convite a uma recessão, e não por acaso vimos taxas de juros cadentes ao longo do mês, combinadas com quedas dos principais índices de ações”, descreve.
E foi justamente o temor de recessão vinda das tarifas de Trump que derrubou a bolsa de Nova York e os mercados mundo afora hoje. O Dow Jones perdeu 900 pontos, o S&P 500 recuou 2,69% e o Nasdaq, -4% — o índice de tecnologia terminou o dia no menor patamar (17.468,32 pontos) desde setembro de 2022.
Por aqui, o Ibovespa ficou preso nos 123 mil pontos, com uma queda de cerca de 1%, durante boa parte do dia e acabou fechando com perda menor, de -0,41%, aos 124.519,38 pontos.
No mercado de câmbio, o dólar à vista renovou uma série de máximas, terminando o dia em alta de 1,07%, a R$ 5,8521.
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A bolsa no Brasil: o trade eleitoral
O Verde afirma que o Brasil “continua sua deriva entre a influência dos mercados globais (que tem sido positiva, dada a fraqueza do dólar e rotação de fluxos para outros mercados que não os Estados Unidos) e os fundamentos locais”.
A carta também destaca como a principal novidade do mês de fevereiro o enfraquecimento das métricas de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como uma antecipação da discussão eleitoral de 2026.
“Há algum tempo temos convicção que um trade eleitoral aconteceria no Brasil, seguindo a praxe dos últimos ciclos. No entanto, conforme o exemplo de outros mercados, esperávamos nos posicionar para tal movimento na segunda metade deste ano”, diz a equipe do Verde.
Segundo o fundo, a piora sensível dos indicadores de Lula, e “a aparente incapacidade de mudar a trajetória do governo, vide a recente reforma ministerial, antecipam as discussões”.
“Ainda assim, com um custo de oportunidade tão alto, temos que ser cuidadosos em não nos posicionar cedo demais”, dizem.
Por ora, o fundo tem se posicionado “de maneira cautelosa com viés negativo, mas atentos aos sinais e em busca de preços atrativos para mirar um horizonte mais longo”.
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