São Paulo — A cidade de São Paulo registrou o 3° maior volume de chuva dos últimos 64 anos nessa sexta-feira (24/1), segundo dados da estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Mirante de Santana, na zona norte da capital. Ou seja, o temporal dessa sexta é o terceiro maior desde o início da série histórica em 1961.
A Defesa Civil do Estado ainda ressalta que, dos 125,4mm registrados nessa sexta, o acumulado de 82mm entre 15h e 16h foi o maior volume computado em apenas 1 hora desde 25 de julho de 2006.
Para estabelecer ainda mais um recorde, em um intervalo de três horas, choveu quase metade do previsto para todo o mês de janeiro. Dos 257,3 mm de chuva esperados para o mês, 125 mm (48,5%) foram registrados nessa sexta.
A cidade foi castigada por alagamentos, desabamentos, desespero e falta de energia. Pela primeira vez, a Defesa Civil emitiu um alerta severo para todos os celulares da região: “Chuva forte se espalhando pela capital paulista com rajadas de vento e risco de alagamento. Mantenha-se em local seguro”, dizia o comunicado.
Ocorrências
Segundo o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas na cidade em decorrência do temporal.
Na capital e na Grande São Paulo, a corporação registrou:
- 126 chamados de árvores caídas;
- 219 chamados de enchentes/inundações/alagamentos;
- 14 chamados para desmoronamento/desabamento/soterramento.
A chuva teve início por volta de 15h30, quando o céu escureceu diante da aproximação das nuvens cinzentas e deixou toda a cidade em estado de atenção até 17h35. De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram 219 chamados para ocorrências de enchentes e alagamentos.
Na estação Jardim São Paulo, da Linha 1-Azul do metrô, passageiros sentaram sobre os corrimões para se proteger da água, que inundou por completo o local (veja no vídeo abaixo). Também houve registro de alagamento na Linha 7-Rubi da CPTM.
Na estação da Sé (Linha 1-Azul e Linha 3-Vermelha), um internauta registrou a plataforma lotada de pessoas tentando embarcar nos trens enquanto a chuva caía.
Ruas e avenidas se transformaram em rios, como nos casos da rua Palestra Itália, endereço do estádio do Palmeiras, e do Beco do Batman, na Vila Madalena, ambos na zona oeste. Carros e objetos foram arrastados pelas vias, conforme relatos dos moradores.
ZN: a mais atingida
A zona norte foi a região mais atingida. No shopping Center Norte, parte do telhado desabou e provocou pânico entre os clientes (vídeo abaixo). Segundo a administradora do local, as chuvas provocaram vazamento, mas ninguém ficou ferido.
Uma residência desabou na rua Alfredo Pujol, em Santana, sem deixar vítimas. Os bombeiros informaram 14 ocorrências do tipo pela cidade.
A região onde mais choveu na cidade, Vila Medeiros, também fica na zona norte. Ali, foram registrados 104,4 mm de chuva. Na sequência aparecem os bairros de Pinheiros, com 90 mm, na zona oeste, e Santana, com 83,2 mm.
Sem energia
Neste sábado (25/1), 33 mil clientes da concessionária Enel estão sem energia elétrica. Por meio de nota divulgada às 6h, a empresa afirmou que reestabeleceu a energia para 85% dos clientes impactados pelas fortes chuvas.
Foram registrados nessa sexta 13.190 raios, com 6.292 deles atingindo o solo, rajadas de vento e granizo. Transformadores explodiram e ao menos 126 mil endereços ficaram sem luz diante da tempestade, com 97 chamados para quedas de árvores e ao menos 3 para quedas e danos de fiações elétricas.
“Mobilizamos antecipadamente nosso plano de contingência, reforçando as equipes em campo, que seguem trabalhando para normalizar o serviço para 36 mil [atualmente, 33 mil] clientes que estão sem energia – o que equivale a 0,44% das 8 milhões de unidades atendidas pela empresa na Região Metropolitana de São Paulo, incluindo a capital”, disse a Enel.
“Na Grande São Paulo, as rajadas de vento chegaram a 70 km/h, provocando danos em alguns trechos da rede elétrica”, adiciona a nota.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), a previsão do tempo é novamente de chuva para a tarde deste sábado (25/1), data que marca o aniversário de 471 anos da cidade. Há riscos de novos alagamentos, queda de árvores e rios transbordando.