O Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, também é o local de descanso final para muitos alpinistas que tentaram alcançar seu cume. Desde que os registros começaram, em 1921, mais de 330 pessoas perderam a vida na escalada, e cerca de 200 corpos ainda permanecem congelados nas encostas.
A altitude extrema e as baixas temperaturas preservam os corpos por décadas, tornando alguns deles referências para os montanhistas que tentam a escalada. Um dos mais conhecidos é “Botas Verdes”, identificado como Tsewang Paljor, que serviu como marco na trilha até seu corpo ser deslocado em 2014.
O Everest atinge 8.849 metros de altitude e, acima dos 8.000 metros, encontra-se a chamada “zona da morte”. Essa região é caracterizada por frio extremo, baixa concentração de oxigênio e condições severas que aumentam os riscos para os alpinistas. Muitos sucumbem à hipóxia (ausência de oxigênio no corpo), congelamento e exaustão antes de conseguirem completar a descida.
Um dos desafios de alcançar o cume e sobreviver ao fim da expedição é imposto pelo ar rarefeito, e exige preparo físico, mental, além de uma aclimatação adequada. No entanto, até mesmo os escaladores mais experientes podem ser surpreendidos por mudanças repentinas no clima e pelo desgaste extremo da subida.
Motivo pelo qual corpos são deixados no Everest
Resgatar corpos do Everest é uma tarefa extremamente difícil e perigosa. Os cadáveres congelados podem pesar mais de 130 quilos, tornando sua remoção logisticamente complicada. Há registros de socorristas que morreram ao tentar recuperar corpos.
Além disso, a altitude impede que helicópteros operem com eficiência acima de 6.400 metros. O resgate mais alto já registrado ocorreu a 7.800 metros, em 2013, sob condições climáticas favoráveis.
O custo das operações de remoção varia entre US$ 40 mil e US$ 100 mil, tornando-se também um fator que leva a maioria dos corpos a permanecer na montanha.
Mesmo com os avanços tecnológicos e melhores equipamentos, a montanha mais alta do mundo continua cobrando um preço alto a quem ousa desafiá-lo. Para muitos, a glória de conquistar o topo do mundo vale o risco, para outros, o Everest se torna a última morada.
Alpinistas famosos que perderam a vida no Everest
O Everest já foi palco de tragédias envolvendo alpinistas renomados, cujos corpos se tornaram símbolos dos desafios mortais da escalada. Conheça alguns deles:
Tsewang Paljor – “Botas Verdes”
Tsewang Paljor morreu na trágica expedição de 1996, ao lado de dois companheiros da Polícia de Fronteira Indo-Tibetana. O grupo foi surpreendido por uma tempestade pouco antes do cume. Seu corpo ficou visível na trilha principal por anos, até ser movido em 2014.
Francys Arsentiev – “Bela Adormecida”
Francys Arsentiev tentou alcançar o cume sem oxigênio suplementar em 1998, ao lado do marido, Sergei Arsentiev. Embora tenha conseguido atingir o topo, enfrentou dificuldades na descida. Encontrada ainda viva por outros alpinistas, não resistiu ao frio e à exaustão. Seu corpo foi recuperado nove anos depois.
George Mallory e Andrew Irvine
A expedição de 1924 de George Mallory e Andrew Irvine resultou em um dos maiores mistérios do montanhismo: eles chegaram ao topo antes de morrer? O corpo de Mallory foi encontrado em 1999, mas a câmera que poderia conter provas da conquista nunca foi recuperada. Restos de Irvine foram localizados em 2024, o que reascendeu especulações sobre sua escalada.
Scott Fischer
O montanhista e guia americano Scott Fischer perdeu a vida no desastre do Everest de 1996. Sofrendo os efeitos do edema cerebral de alta altitude, Fischer não conseguiu descer e morreu próximo ao Cume Sul.
David Sharp
O britânico David Sharp tentou escalar o Everest sozinho em 2006 e morreu na caverna onde estava o corpo de “Botas Verdes”. Mais de 40 alpinistas passaram por ele sem prestar ajuda, gerando um intenso debate sobre a ética na montanha.