Na manhã da última quinta-feira (27/3), 19 mulheres foram homenageadas com o prêmio Bertha Lutz em sessão no Plenário do Senado Federal. Integrantes dos Poderes da República, médicas, cientistas, atrizes, professoras, escritoras e ativistas receberam o diploma da maior honraria destinada aos que dedicam sua trajetória à luta pelos direitos das mulheres.
A sessão foi presidida pela senadora Leila Barros (PDT-DF), líder da bancada feminina do Senado. Em discurso, ela referiu-se às agraciadas com o prêmio como “bravas” e “incríveis” mulheres.
“É uma grande honra estar aqui neste Plenário para celebrar mulheres excepcionais e reafirmar o compromisso do Senado Federal com a luta pela equidade de gênero. A entrega do diploma Bertha Lutz não é apenas um momento de reconhecimento, mas é também um ato de resistência e um marco na história da luta das mulheres por direitos e oportunidades iguais”, frisou Leila Barros.

Veja a lista das homenageadas:
- Ani Heinrich Sanders, produtora rural do estado do Piauí (indicada pela senadora Jussara Lima);
- Antonieta de Barros (in memoriam), primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil, pelo estado de Santa Catarina (indicada pela senadora Ivete da Silveira);
- Bruna dos Santos Costa Rodrigues, juíza de direito no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (indicada pela senadora Augusta Brito);
- Conceição Evaristo, escritora e membro da Academia Mineira de Letras (indicada pela senadora Teresa Leitão);
- Cristiane Rodrigues Britto, advogada e ex-ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (indicada pela senadora Damares Alves);
- Elaine Borges Monteiro Cassiano, reitora do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (indicada pela senadora Soraya Thronicke);
- Elisa de Carvalho, pediatra, professora universitária e membro da Academia de Medicina de Brasília (indicada pela senadora Dra. Eudócia);
- Fernanda Montenegro, atriz (indicada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre);
- Fernanda Torres, atriz, escritora e vencedora do Globo de Ouro (indicada pela senadora Eliziane Gama);
- Janete Vaz de Oliveira, empreendedora e cofundadora do Grupo Sabin (indicada pela senadora Leila Barros);
- Jaqueline Gomes de Jesus, escritora, professora e primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (indicada pela senadora Zenaide Maia);
- Joana Marisa de Barros, médica mastologista e imaginologista mamária no estado da Paraíba (indicada pela senadora Daniella Ribeiro);
- Lúcia Willadino Braga, neurocientista e presidente da Rede Sarah (indicada pelo presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre);
- Maria Terezinha Nunes, coordenadora da Rede Equidade e ex-coordenadora do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça do Senado Federal (indicada pela Bancada Feminina do Senado Federal);
- Marisa Serrano, ex-senadora pelo estado de Mato Grosso do Sul (indicada pela senadora Tereza Cristina);
- Patrícia de Amorim Rêgo, procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Acre (indicada pelo senador Sérgio Petecão);
- Tunísia Viana de Carvalho, ativista dos direitos maternos e infantojuvenis (indicada pela senadora Mara Gabrilli);
- Virgínia Mendes, filantropa e primeira-dama do estado do Mato Grosso (indicada pela senadora Margareth Buzetti);
- Viviane Senna, filantropa e presidente do Instituto Ayrton Senna (indicada pela senadora Professora Dorinha Seabra).

Premiação
Durante o evento, a senadora Leila Barros comentou que o diploma Bertha Lutz, criado há quase três décadas [2001], homenageia mulheres que, com coragem e determinação, contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “Nesse contexto, a edição de 2025 ressalta as contribuições de 19 mulheres influentes e brilhantes na vida nacional”, disse.
“É o caso emblemático das atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, ambas excepcionais à arte dramática”
Senadora Leila Barros (PDT-DF)
“Verdade seja dita, entre as 19 diplomadas, a cada uma devemos render também merecidas homenagens, seja pela atuação, seja no combate diário ou exaustivo — e muitas vezes anônimo — em defesa das nossas mulheres”, continuou.

Leila Barros ainda aproveitou o momento para evidenciar o motivo pelo qual indicou Janete Vaz de Oliveira, empreendedora e cofundadora do Grupo Sabin, para receber o prêmio:
“A doutora Janete se tornou uma das empresárias mais influentes do país, investindo não só na excelência do serviço diagnóstico, mas também na valorização das mulheres dentro do mercado de trabalho. Seu compromisso com a equidade de gênero é um exemplo de que mulheres podem e devem ocupar espaço de liderança”.

Luta pelos direitos das mulheres
O enunciado da parlamentar também foi marcado por uma reflexão importante a respeito da batalha pelos direitos das mulheres. “Ainda precisamos estar aqui reivindicando direitos pela equiparação de oportunidades, direito pela visão do trabalho doméstico, direito pela efetiva inclusão social e, pasme, direito até mesmo à integridade”, levantou.
“Afinal, quantas e quantas brasileiras ainda são vítimas de agressões criminosas e covardes a cada minuto neste país?”, manifestou.
A senadora, no entanto, reforçou que o diploma Bertha Lutz é “um ato de resistência contra todas as formas de violência contra a mulher”. “Contra a discriminação, contra o machismo cultural, contra a opressão e, vale acrescentar, contra a desigualdade salarial e de gênero também”, expôs.
Reconhecimento
À coluna Claudia Meireles, a homenageada Janete Vaz resume a manhã de condecoração em uma palavra: “emoção”. “Bertha Lutz foi uma bióloga, então eu me sinto muito parecida com ela, essa determinação de pegar a causa das mulheres. E hoje, se nós estamos aqui e temos mulheres senadoras e deputadas, por exemplo, foi fruto do que ela plantou lá atrás”, afirma.
Virgínia Mendes, filantropa e primeira-dama do estado do Mato Grosso — indicada pela senadora Margareth Buzetti —, se diz muito honrada e feliz com o tributo. “Esta é uma homenagem para várias mulheres aqui. São mulheres importantes e cada uma tem o seu papel: seu trabalho dentro do Estado, dentro da sua cidade, dentro da sua vida ou dentro da possibilidade de ajudar as pessoas”, diz.

Lúcia Willadino Braga, neurocientista e presidente da Rede Sarah, também foi agraciada com o diploma, sob indicação do presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre. À coluna, ela relembra que Bertha Lutz era uma mulher muito à frente do seu tempo.
“Lá no início, ela foi cientista, quando mulheres na ciência eram raras. Ela fez uma luta incrível pelo feminismo, pelo voto”, celebra.

Também premiada, Ani Heinrich Sanders, produtora rural do estado do Piauí e sugerida pela senadora Jussara Lima, conta que chegar onde está hoje, no meio de grandes nomes, é “abraçar o coletivo”.
“Chegar aqui junto com os gigantes é dizer para todas as mulheres que existem mulheres de fibra, que lutam, que querem desistir às vezes e que têm que lutar para persistir, é dizer: ‘o meu prêmio tem tudo a ver com vocês”, declara.

Já para Jaqueline Gomes de Jesus, escritora, professora e primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília — recomendada pela senadora Zenaide Maia —, a entrega do diploma mostra o reconhecimento nacional da luta e o trabalho das mulheres.
“Para mim, é uma honra ser também a primeira mulher trans a receber essa condecoração. Que venham muitas outras depois de mim, para que seja comum, para que nós sejamos reconhecidas pela nossa vida e pelo nosso trabalho, e que dignifiquemos as tantas outras que foram apagadas e mortas, e valorizemos o que elas nos deram”, expressa.

Confira os cliques da sessão especial do Senado Federal pelo olhar do fotógrafo Lucena:

































































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