Um comportamento incomum reacendeu suspeitas entre pesquisadores e pescadores no Pacífico Norte: orcas estariam atacando alces durante travessias aquáticas. As cenas, consideradas improváveis por muitos, levantam novas questões sobre a inteligência e a versatilidade desses predadores marinhos.
Segundo pesquisadores, os ataques ocorrem quando os alces decidem atravessar a nado grandes trechos de água entre ilhas ou margens. Apesar de serem animais terrestres, é comum que eles façam essas travessias, especialmente durante certas épocas do ano, em busca de alimento ou parceiros para reprodução.
O fenômeno foi relatado por observadores no Canadá e nos Estados Unidos, em regiões onde os encontros entre orcas e alces se tornaram mais frequentes. Embora ainda sejam considerados raros, os ataques não são novos. Há registros esporádicos desde a década de 1990, mas têm recentemente ganhado mais atenção devido a dúvidas frequentes de internautas nas redes sociais.
Predadores oportunistas
As orcas são conhecidas por sua capacidade de adaptação e por serem caçadoras altamente estratégicas. Costumam se alimentar de uma grande variedade de presas, como peixes, focas, tubarões e até baleias maiores. Agora, ao que tudo indica, os alces se tornaram parte desse cardápio diversificado.
Ainda segundo especialistas, os alces são presas especialmente vulneráveis durante essas travessias, pois não estão em seu habitat natural e não têm mecanismos eficazes de defesa na água.
Travessias aquáticas
O alce é um talentoso nadador, capaz de percorrer até 20 quilômetros sem parar, mantendo uma velocidade constante entre 5 e 8 km/h. Essa habilidade aquática não é mero acaso: ela permite ao animal transitar entre ilhas, fugir de predadores terrestres e acessar vegetações submersas — especialmente em regiões como o arquipélago Alexander, no Alasca, e nas ilhas próximas à costa da Colúmbia Britânica, no Canadá.
Mas é justamente nessas travessias que o perigo espreita. As orcas, apelidadas de baleias-assassinas, não carregam esse nome à toa: são predadoras altamente inteligentes, sociáveis e notoriamente adaptáveis, prontas para explorar qualquer oportunidade de caça.
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Registros isolados
Desde a década de 1980, os biólogos marinhos vêm reunindo evidências de encontros ocasionais entre orcas e alces. Embora raros, os casos são consistentes: em algumas ocasiões, foram encontrados corpos de alces com marcas de mordidas compatíveis com o ataque de orcas ou de outros grandes predadores marinhos, reforçando a hipótese de que esses animais terrestres estão, de fato, sendo caçados em mar aberto.
Por que eles se arriscam em travessias aquáticas?
O comportamento dos alces ao nadarem longas distâncias em mar aberto revela a complexidade dos ecossistemas em que ambientes terrestres e marinhos se sobrepõem. Ao cruzarem essas zonas de transição, os animais terrestres acabam se tornando presas potenciais de predadores marinhos — como as orcas —, que normalmente não teriam acesso a eles.
Mas por que eles se arriscam? A resposta está na busca por nutrientes. Quando os níveis de sódio começam a diminuir na dieta, os alces partem em jornadas aquáticas em busca de plantas submersas ricas nesse e em outros minerais essenciais. Entre as preferidas estão os lírios e as algas, abundantes nos meses de verão, período em que os animais precisam reabastecer os estoques nutricionais perdidos durante o inverno rigoroso.
Na maioria das vezes, a travessia vale a pena. Mas, se uma orca estiver no caminho, o desfecho pode ser fatal.