O caminhoneiro Márcio Pinheiro Saldanha, investigado por crime com possível motivação terrorista, afirmou ter invadido um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) “para atingir a base da PRF” e protestar contra a possibilidade de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi dada no momento da prisão, segundo relato do policial responsável pela condução do flagrante. O caso ocorreu nesta quarta-feira (26/2).
Apesar de negar motivação política durante a audiência de custódia realizada na 12ª Vara Federal de Brasília, os vídeos anexados ao processo e os testemunhos dos agentes públicos apontam que o acusado declarou explicitamente que sua intenção era realizar um “ato terrorista” motivado pelo cenário político.
“Márcio teria afirmado que praticou ‘esse ato terrorista, pois o Estado quer prender o Bolsonaro e que a intenção era atingir a base da PRF’”, relatou o Ministério Público Federal (MPF), que também levantou a possibilidade de o acusado apresentar algum transtorno mental.
A invasão ocorreu poucas horas antes da retomada, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do julgamento que analisa a denúncia contra suspeitos de crimes contra o Estado Democrático de Direito. Para o juiz Marcelo Gentil Monteiro, o contexto e o momento reforçam a gravidade da ação, que envolveu uso de violência e risco à integridade física de agentes públicos.
Durante a audiência, o juiz converteu a prisão em flagrante em preventiva, justificando que a liberdade de Saldanha poderia representar risco à ordem pública e estímulo à repetição de atos semelhantes. Também foi determinado o início de um incidente de insanidade mental, com perícia médica para avaliar o estado psicológico do acusado.
O MPF autorizou ainda o acesso imediato ao conteúdo dos celulares apreendidos com o caminhoneiro, que podem conter mensagens, ligações e e-mails com indícios de coautores ou cúmplices.
Mesmo com o pedido da defesa pela liberdade provisória, prevaleceu o entendimento de que a prisão preventiva era necessária diante dos “estragos causados ao posto da PRF” e da “violência exacerbada” usada na ação. O caminhoneiro foi transferido para um presídio próximo à sua residência, em Guarulhos (SP), para facilitar a assistência familiar.
O caso segue sob investigação.