A Justiça do Rio Grande do Sul revogou a prisão preventiva de um morador de Novo Hamburgo, de 49 anos, investigado por suposta ligação com um plano de atentado durante o show da cantora Lady Gaga, realizado no Rio de Janeiro. A soltura foi autorizada na madrugada deste sábado (10/5) pelo juiz plantonista Jaime Freitas da Silva, que acolheu o pedido da defesa e reconheceu a ausência de elementos concretos que vinculem o suspeito ao núcleo terrorista investigado pela Polícia Civil fluminense.
De acordo com o magistrado, até o momento, não há indícios de que o homem integre o grupo que teria articulado ataques com explosivos improvisados e coquetéis molotov durante o evento. Segundo a decisão, o principal indício que levou à prisão, o uso do endereço de IP do suspeito, perdeu força diante da possibilidade de que o dado tenha sido clonado por um suposto mentor da ação.
Apesar da revogação da prisão, o investigado seguirá respondendo a um processo por porte irregular de arma de fogo, crime pelo qual foi inicialmente detido em flagrante no dia 3 de maio, após cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua residência, no Vale do Sinos. A fiança foi paga, mas a prisão preventiva acabou decretada no dia seguinte, diante da gravidade do caso e do contexto da operação.
Com a nova decisão judicial, o homem deverá cumprir medidas cautelares como o comparecimento bimestral à Justiça, obrigação de comunicar mudança de endereço e restrição de sair da cidade por mais de 15 dias sem autorização.
“Viável se mostra a revogação da prisão preventiva, posto que não possui antecedentes e, inclusive, considerando a quantidade de pena privativa de liberdade, tem direito a acordo de não persecução penal ou suspensão condicional do processo”, justificou o juiz em despacho.
Investigação
A revogação da prisão não encerra a apuração. O juiz frisou que a possível participação do suspeito no plano de atentado segue sob investigação na comarca do Rio de Janeiro. Caso surjam novas provas que o vinculem diretamente ao grupo extremista, a responsabilização criminal poderá ser retomada.
A operação que resultou na prisão do morador de Novo Hamburgo foi batizada de Fake Monster, em referência ao apelido dado aos fãs da cantora Lady Gaga, os “little monsters”. Coordenada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, com apoio do Ministério da Justiça, a ofensiva mirou nove alvos em diversos estados, com base em indícios de que o grupo pretendia realizar ataques coordenados durante o evento.
Segundo a polícia, os criminosos incentivavam discursos de ódio, automutilação, pedofilia e terrorismo em plataformas digitais. Os principais alvos seriam crianças, adolescentes e o público LGBTQIA+ presentes no show.
Além do Rio Grande do Sul, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso. Um adolescente foi apreendido na capital fluminense por armazenamento de pornografia infantil.