A produção industrial no Brasil registrou queda de 0,3% em dezembro de 2024, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (4/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em novembro, a produção industrial havia recuado 0,6%. Em outubro, 0,2%.
O que aconteceu
- Em relação a dezembro de 2023, houve crescimento de 1,6%, segundo o IBGE.
- Com esses resultados, a indústria brasileira fechou o ano passado acumulando uma alta de 3,1%, após variação de 0,1% em 2023. Foi o melhor desempenho anual do setor desde 2021.
- Tanto o índice mensal quanto o anual vieram acima das expectativas dos analistas.
- O consenso Refinitiv, que reúne as principais projeções do mercado, estimava queda de 0,5% em dezembro.
- Na comparação anual, a projeção era a de um crescimento de 1,1%.
Desempenho por segmentos
Entre as atividades industriais pesquisadas pelo IBGE, os resultados negativos mais importantes de dezembro foram de máquinas e equipamentos (-3%) e produtos de borracha e de material plástico (-2,5%).
Outras contribuições negativas relevantes sobre o total da indústria vieram de metalurgia (-1,5%), produtos diversos (-5,6%), produtos químicos (-0,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,8%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,4%) e produtos de minerais não metálicos (-1,6%).
Por outro lado, oito atividades tiveram crescimento na produção, com destaque para produção, indústrias extrativas (0,8%) e bebidas (3,2%).
Também houve contribuições positivas dos setores de celulose, papel e produtos de papel (2,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,9%) e produtos têxteis (2,9%).
Análise
Segundo nota da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), “a indústria consolidou um processo de recuperação, com a produção do setor tendo sido puxada, em maior medida, pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital” em 2024.
A entidade afirma, no entanto, que a expectativa é por uma “desaceleração” em 2025, “refletindo a intensificação do aperto monetário, o que tende a contribuir para a piora das condições de acesso ao crédito, sobretudo em ambiente marcado por condições financeiras cada vez mais restritivas”.
“O elevado patamar das taxas de juros internacionais e domésticos e a depreciação cambial são os principais elementos por trás dessa piora recente das condições financeiras”, diz a Fiesp.
“Este aperto das condições financeiras poderá ter efeitos sobre o custo dos novos financiamentos e, consequentemente, sobre a dinâmica de atividade industrial. Este quadro é especialmente desafiador para a indústria de transformação, que é mais afetada pela piora das condições financeiras vis a vis a economia como um todo”, completa a federação industrial.
Segundo o economista Maykon Douglas, a indústria “parece sentir primeiro os efeitos da guinada da política monetária e mostra os sinais incipientes de desaceleração da economia doméstica”.
“O resultado de dezembro foi bem ruim em termos de difusão, que está abaixo da média histórica. Ou seja, menos segmentos crescendo”, afirma.
“A manutenção do aperto no mercado de trabalho é um alento, mas a escalada da taxa Selic deve seguir penalizando os segmentos mais sensíveis ao crédito”, conclui o economista.