Após mais de um mês cercado, tanto politicamente quanto literalmente, em sua residência oficial localizada em uma das áreas mais sofisticadas de Seul, na Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol entrou para a história como o primeiro presidente em exercício do país a ser preso, nesta quarta-feira (15/1).
A operação envolveu cerca de 3.000 agentes dispostos a enfrentar temperaturas de -8°C para apreender o político, que contava com a proteção de arame farpado, um pequeno exército de seguranças particulares e dezenas de apoiadores.
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Yoon, de 64 anos, está sendo investigado por insurreição devido à tentativa fracassada de impor lei marcial em 3 de dezembro — uma medida que coloca no comando do país uma frota de militares, geralmente reservada para situações de emergência. A decisão foi justificada pelo presidente como uma forma de proteger a nação contra simpatizantes da Coreia do Norte e “forças anti-estatais”. Contudo, analistas e opositores acusam Yoon de ter tentado um autogolpe.
Do impeachment à detenção
No dia 14 de dezembro, o Parlamento da Coreia do Sul aprovou a abertura de um processo de impeachment contra Yoon Suk, com a suspensão de seus poderes presidenciais. Seguindo a constituição do país, iniciou-se uma contagem regressiva de 180 dias para que o Tribunal Constitucional decida se destitui o presidente ou restaura seus poderes.
O movimento pela detenção de Yoon ganhou força no dia 31 de dezembro, quando, após ignorar convocações para interrogatório, o Tribunal de Seul aprovou o mandado de prisão. A primeira tentativa de apreensão ocorreu em 3 de janeiro, mas investigadores do Escritório de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO, na sigla em inglês) foram bloqueados em um impasse de seis horas com a segurança pessoal do presidente.
Durante todo o processo, Yoon classificou o mandado de prisão como inválido, mas em um vídeo de três minutos divulgado antes de sua prisão, afirmou que cooperaria com os investigadores. “Decidi me apresentar ao CIO, apesar de ser uma investigação ilegal, para evitar derramamento de sangue desnecessário”, disse.
Após ser interrogado no escritório do CIO, Yoon foi levado ao Centro de Detenção de Seul. Os investigadores têm 48 horas para determinar se solicitam outro mandado para manter o presidente detido enquanto as investigações continuam. Caso contrário, ele será libertado.
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Coréia do Sul dividida
Líderes da oposição saudaram a prisão como um passo rumo à restauração da ordem constitucional. No entanto, o cenário político sul-coreano segue incerto, refletindo um país polarizado. “Este país está em crise”, declarou uma apoiadora pró-Yoon, com lágrimas escorrendo pelo rosto, a repórteres da BBC. “Estou orando desde ontem à noite por uma Coreia do Sul estável e pacífica”.
Durante a operação que culminou na prisão, milhares de sul-coreanos foram às ruas e alguns acamparam nos arredores da residência presidencial, divididos entre defensores de Yoon Suk e opositores que comemoravam os acontecimentos do dia. Após a prisão, a área foi esvaziada, com a dispersão dos manifestantes e remoção das barreiras policiais.
Após a prisão, os arredores da residência presidencial foram esvaziados, com a dispersão dos manifestantes e remoção das barreiras policiais.
Desde o início do processo de impeachment, a presidência passou a ser ocupada interinamente pelo primeiro-ministro Han Duck-soo. No entanto, sua liderança durou menos de duas semanas, sendo também alvo de impeachment após se recusar a promulgar dois projetos de lei que buscavam investigar Yoon Suk. No momento a presidência está nas mãos do Ministro das Finanças, Choi Sang-mok, que agora enfrenta uma desarticulação no partido governista e a forte oposição que controla a maioria do parlamento.
*Com informações da BBC
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