O presidente designado da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, divulgou nesta quinta-feira (8) sua segunda carta à comunidade internacional, destacando que 2024 foi o ano mais quente da história.
Segundo o relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), os níveis de dióxido de carbono (CO₂) atingiram os maiores patamares dos últimos 800 mil anos.
O documento reforça os sinais claros de uma crise ambiental planetária, evidenciados pelo aquecimento dos oceanos, derretimento das geleiras e elevação do nível dos mares.
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Sob o lema “da visão à ação”, Corrêa do Lago propõe uma “mobilização global inédita” para enfrentar a emergência climática. A estratégia envolve quatro grandes frentes de atuação rumo à COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025:
- Mobilização Global
- Agenda de Ação
- Negociações formais
- Cúpula de Líderes
Contudo, a carta de Corrêa do Lago não faz referência aos combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa no planeta.
Mutirão Global: ação climática de baixo para cima
Um dos destaques da carta é o detalhamento sobre o Mutirão Global, um movimento descentralizado e inclusivo, que convida pessoas, comunidades, empresas e governos a apresentar contribuições autodeterminadas — ações concretas já em curso ou prontas para serem implementadas.
“Em vez de envolver promessas a serem cumpridas no futuro, as contribuições para o mutirão devem traduzir-se em iniciativas efetivamente realizadas, ou que estejam em andamento, ou em vias de acontecer”, escreveu o embaixador.
Iniciativas locais, como agricultura regenerativa, instalação de painéis solares em comunidades carentes, restauração de manguezais ou comunidades afrodescendentes que realizam programas de conscientização climática, serão reunidas sob uma moldura global para amplificar seus impactos.
Para apoiar essa mobilização, a presidência da COP30 criou quatro Círculos de Liderança para aconselhar e impulsionar a mobilização global.
O Círculo dos Presidentes das COPs, liderado por Laurent Fabius (presidente da COP21), reunirá ex-presidentes das conferências para orientar estratégias e fortalecer a governança climática internacional, preservando o legado do Acordo de Paris.
Já o Círculo dos Povos, sob liderança da ministra Sônia Guajajara, ampliará a participação e integração de povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes, garantindo que seus saberes e demandas estejam no centro das soluções climáticas.
O Círculo de Ministros da Fazenda, presidido pelo ministro Fernando Haddad, será responsável por articular propostas de financiamento climático, reunindo lideranças econômicas e especialistas para apontar caminhos concretos e sustentáveis para a transição ecológica.
Por fim, o Círculo do Balanço Ético Global, conduzido pela ministra Marina Silva, vai promover diálogos éticos e interculturais, com foco em justiça climática e responsabilidade intergeracional, inspirando-se no legado da encíclica Laudato Si’, do papa Francisco.
Inovação, tecnologia e sabedoria ancestral como aliados
Na carta, o presidente da COP30 propôs o uso combinado de ciência, tecnologia e saberes ancestrais para enfrentar a complexidade das mudanças climáticas.
Corrêa do Lago defendeu também a modernização das estruturas de governança global, visando acelerar a implementação do Acordo de Paris e antecipar soluções para os desafios climáticos futuros.
“Apesar de já nos aproximarmos do segundo quarto do século XXI, ainda de modelos hierarquizados do passado, baseados em pensamento linear; no entanto, os desafios que nos assolam são complexos e exigem pensamento sistêmico, descentralização e ação distribuída. Nossa luta climática pode estar sofrendo da ‘Síndrome da Guerra Passada’ – a tendência de enfrentamento de novas crises com estratégias superadas, que ignoram transformações mais amplas em ciência, tecnologia e realidades políticas, econômicas e sociais.”
O embaixador finalizou a carta destacando a COP30 como oportunidade histórica para alinhamento global, capaz de transformar a relação da humanidade com o meio ambiente e inaugurar um novo ciclo de cooperação internacional, inovação e prosperidade sustentável.
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