São Paulo — O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou nesta segunda-feira (9/12) de um painel técnico sobre os fornecimento de energia no Tribunal de Contas do Município (TCM) para tratar a respeito de soluções para prevenir apagões na área de concessão da Enel. “Eles são mentirosos contumazes. Assumem compromissos e não cumprem”, disse, sobre os responsáveis pela concessionária. “Essa empresa tem que sair daqui, precisa sair daqui”, afirmou.
O prefeito voltou também a responsabilizar o governo federal por exigir melhorias no serviço prestado pela Enel, cobrando inclusive o ministro Alexandre Silveira, com que já trocou farpas no último grande apagão, em outubro. “O ministro de Minas e Energia, com todo o respeito, como vai fazer [algo em relação à Enel]. se o amigo dele é presidente do conselho de administração [da concessionária]”, afirmou.
“A gente não tem o que fazer, a não ser o que já fizemos que foi nos socorrermos até a Aneel, que foi inepta até o momento”, afirmou, citando também que já conta com decisões judiciais favoráveis à prefeitura contra a concessionária. “Tem sido uma luta terrível”, disse.
Nunes fez apelos pelo fim da concessão à empresa italiana por diversas vezes durante a sua fala no painel técnico.
“Pelo amor de Deus, nós precisamos nos livrar dessa empresa, que figura entre as piores no ranking de qualidade”, disse Nunes.
O prefeito citou inclusive o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como alguém que perdeu a paciência com o serviço prestado pela Enel. “Vi, como pouquíssimas vezes, o governador Tarcísio perder as estribeiras e, com dedo em riste dizer que eles tinham que sair daqui”, afirmou.
Nunes também falou sobre o enterramento de fios na capital paulista, citou uma série de valores cobrados pela Enel, considerados acima do que praticado pelo mercado. “Isso é inaceitável, uma extorsão”, afirmou.
O prefeito saiu do local sem falar com a imprensa.
Já o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não compareceu e foi representado pela secretária Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, que afirmou que o estado já solicitou a intervenção na concessão da energia em São Paulo.
O painel contou com a presença de representantes do próprio TCM, do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e também com o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU).
Grande SP
O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), representou os prefeitos da Grande São Paulo e afirmou que a Enel não respeita ninguém. “Isso é fato”, disse. Também disse a sua gestão tem depositado em juízo os cerca de R$ 3,8 milhões ao mês referentes aos custos da administração municipal com fornecimento de energia.
Morando pediu um plano emergencial para a Enel e afirma que não foi atendido. “Para nossa surpresa, estamos chegando a 60 dias da decisão judicial. No lugar de apresentar o plano, foi ao TJSP recorrer da decisão. A decisão de primeira instância foi mantida”, disse.
O prefeito de São Bernardo espera problemas durante o verão. “É a certeza de que se tiver fenômenos meteorológicos com ventos e chuvas, vamos ter apagão”, disse.
Morando também fez duras críticas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “É um bando de covardes. Ou nada fazem ou foram cooptados pela Enel”, afirmou.