A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (28/5), a 7ª fase da Operação Sisamnes para investigar os supostos mandantes e coautores do assassinato do advogado Roberto Zampieri, executado com dez tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá (MT).
Segundo a PF, as investigações revelaram a atuação de uma organização criminosa especializada em espionagem e homicídios sob encomenda. O caso também expôs um esquema de venda de sentenças judiciais envolvendo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e, posteriormente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, quatro de monitoramento eletrônico e seis de busca e apreensão. As ordens judiciais são cumpridas em Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Além disso, há medidas cautelares para alguns dos investigados, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre os alvos e entrega dos passaportes.
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Assassinato encomendado
Roberto Zampieri foi morto a tiros enquanto saía do escritório onde trabalhava, em Cuiabá. O crime ocorreu quando ele entrou no próprio carro e foi surpreendido por um homem de boné, que efetuou os disparos através do vidro do passageiro e fugiu em seguida.
O atirador aguardava a vítima na porta do escritório. O advogado, que usava veículo blindado há mais de cinco anos, foi alvejado antes de conseguir qualquer reação.
As investigações apontam que o homicídio teria sido motivado por uma disputa judicial envolvendo duas fazendas localizadas em Paranatinga, a cerca de 400 km de Cuiabá, avaliadas em aproximadamente R$ 100 milhões.
A perda dessas propriedades na Justiça teria levado o empresário Aníbal, um dos principais investigados, a encomendar a execução de Zampieri. O mandante também suspeitava de uma suposta aproximação do advogado com o desembargador responsável pelo caso.
Esquema de corrupção no Judiciário
A morte de Zampieri levou à descoberta de um esquema de venda de sentenças no Judiciário de Mato Grosso. Em agosto de 2024, mensagens extraídas do celular da vítima culminaram no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho.
Em novembro do mesmo ano, três servidores do TJMT também foram afastados por suspeita de participação na rede criminosa, que posteriormente se conectou a decisões proferidas no âmbito do STJ.
Operação Sisamnes
Deflagrada inicialmente para apurar o homicídio do advogado, a Operação Sisamnes desvendou uma estrutura criminosa que atuava não apenas na eliminação de desafetos, mas também na manipulação de sentenças judiciais com potencial milionário. O nome da operação faz referência ao juiz persa Sisamnes, que foi executado por corrupção no século V a.C.