A Petrobras (PETR4) finalizou o processo de precificação da sua 8ª emissão de debêntures, de R$ 3 bilhões. A primeira série, de vencimento em 2035 e que teve a maior demanda, vai pagar aproximadamente 0,9 ponto percentual a menos que o título público de referência.
Ou seja, o spread (prêmio de um ativo de crédito em relação aos títulos públicos) das debêntures da Petrobras será negativo.
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Segundo comunicado ao mercado desta quarta-feira (25), a precificação da primeira série, com vencimento em 15 de junho de 2035, ficou em IPCA + 6,39% ao ano. O título público de referência para essa emissão, o Tesouro IPCA + 2035, está oferecendo uma taxa de IPCA + 7,29%.
Toda emissão de dívida por empresa estabelece essa correlação com os títulos públicos para ter uma referência de risco e taxa de emissão.
Os títulos públicos, emitidos e pagos pelo governo federal, são considerados a renda fixa mais segura do país. Nesse sentido, a emissão de títulos por empresas teria que oferecer um prêmio maior que o governo para valer o risco de investimento.
A Petrobras, como uma das maiores empresas do país — e estatal —, tem a maior classificação de risco estabelecida por agências de crédito, o chamado triplo A (AAA.br pela Moody’s).
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Ainda assim, na teoria, a empresa não oferece um risco menor do que o risco soberano do país.
Debêntures da Petrobras não tem risco?
Em relatório antes do processo de bookbuilding (precificação dos títulos), Matheus Spiess, analista da Empiricus, avaliou que um spread negativo em até 1 ponto percentual era um nível confortável para os títulos da petroleira.
A estimativa do analista era de que a remuneração mínima ficaria em IPCA + 6,45%; porém, foi um pouco menor para a primeira série, de vencimento em 2035.
A análise considera a isenção de Imposto de Renda das debêntures da Petrobras, que permite uma remuneração líquida da taxa estabelecida para o investidor pessoa física, enquanto os títulos públicos têm incidência de IR de 15% no vencimento atribuído aos papéis.
Spiess também destaca que a estrutura da emissão prevê a possibilidade de resgate antecipado pela Petrobras, com pagamento de prêmio para o investidor.
“Em suma, trata-se de uma oportunidade robusta de alocação em renda fixa de longo prazo, ideal para compor a parcela da carteira destinada à proteção inflacionária com isenção fiscal”, diz o relatório.
A Empiricus considera o retorno como atrativo, mesmo abaixo do título público. E avalia que é uma debênture relevante no universo de renda fixa nacional.
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Remuneração dos títulos
Vencimento | Taxa Petrobras (ao ano) | Taxa Tesouro Direto (ao ano)* | Spread em relação ao título público (p.p.) |
---|---|---|---|
2035 | IPCA + 6,3874% | IPCA + 7,29% | -0,9026 |
2040 | IPCA + 6,6556% | IPCA + 7,17% | -0,5155 |
2045 | IPCA + 6,8431% | IPCA + 7,16% | -0,3169 |
Fontes: Petrobras e Tesouro Direto.
As debêntures da Petrobras preveem pagamentos semestrais de juros, o que funciona quase como o pagamento de dividendos pela ação.
A amortização do valor principal de investimento será pago integralmente no vencimento, no modelo bullet — que é uma forma de pagamento em que o valor investido é quitado apenas no vencimento do título, juntamente com os juros acumulados.
Para a Empiricus, isso torna o papel adequado para investidores que desejam carregar o título até o vencimento, sem resgates intermediários.
O período de reserva dos títulos no mercado primário já foi encerrado. A liquidação está prevista para amanhã (26), com a possibilidade de negociação no mercado secundário — negociação entre investidores — a partir de então.
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