A suposta proposta da desenvolvedora imobiliária Sun Hung Kai Properties Limited (SHKP) para a aquisição da PDG Realty (PDGR3) gerou confusão no mercado na última semana e o imbróglio ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira (24).
Após a proposta ter caído na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a incorporadora brasileira anunciou que a SHKP retirou a oferta de forma “repentina” e afirma ter sido “vítima” da empresa asiática.
“Tendo em vista as notícias veiculadas sobre o assunto e a manifestação da Sun Hung Kai Properties Limited negando envolvimento no assunto, a companhia acredita que possa ter sido vítima e que a proposta e comunicações enviadas podem não ser legítimas, mas apenas instrumentos para obter informações ou vantagens indevidas”, afirmou a empresa brasileiro através do comunicado.
A PDG Realty também informou que segue investigando a origem da proposta e avaliando as possíveis medidas legais cabíveis.
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A confusão entre a SHKP e a PDG Realty
O primeiro capítulo da confusão entre as companhias começou na última quarta-feira (19), quando a incorporadora brasileira comunicou o recebimento de uma oferta da SHKP para a aquisição da totalidade das suas ações.
A PDG Realty divulgou a íntegra da proposta supostamente feita pela desenvolvedora de Hong Kong. De acordo com o documento, a oferta era de US$ 29,6 milhões, o equivalente a US$ 0,0170 por ação.
Ainda segundo o documento divulgado, a proposta era não vinculante e também não solicitada.
Porém, a SHKP vem negando a proposta. Segundo reportagem do site Monitor do Mercado, o anúncio da PDG Realty é falso, já que a desenvolvedora asiática afirmou não ter realizado nenhuma oferta para a aquisição da incorporadora brasileira.
Já na sexta-feira (21), a PDG Realty informou ao mercado que manteve contato preliminar com o remetente da oferta, mas ainda não possuía informações adicionais.
“A companhia tomou conhecimento de notícia informando comunicação emitida pela Sun Hung Kai Properties Limited a veículo da mídia, negando o envio de qualquer proposta à Companhia”, diz o documento, referindo-se à matéria do Monitor do Mercado.
“Nesse contexto, à luz da atualização das informações, a companhia reforça que está apurando a origem do expediente recebido, bem como o teor das notícias veiculadas para, se for o caso, buscar todas as medidas legais para sua proteção”, continuou.
Em meio ao barulho no mercado, a xerife teve que entrar no meio da confusão: a CVM abriu um processo administrativo para investigar o caso.
Em processos administrativos dessa natureza, a autarquia analisa informações divulgadas pela mídia ou pela companhia, como fatos relevantes ou comunicados ao mercado.
Se a área técnica entender que há indício de irregularidade, é aberto um processo administrativo sancionador (acusação, de fato) para a intimação e/ou apresentação de defesa e julgamento.
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Momentos difíceis para a construtora brasileira
A PDG Realty, que já foi uma das maiores incorporadoras do Brasil, tem lutado para deixar de ser penny stock. As ações da PDGR3 vem derretendo na bolsa. Apenas em 2024, os papéis acumularam queda de 97,78%.
A desvalorização acontece em meio a um processo de reestruturação de dívida, com queima de caixa e aumento de capital. Em 2021, a PDG Realty saiu de uma recuperação judicial com uma dívida de mais de R$ 5 bilhões.
De lá para cá, ela luta para retomar lançamentos, o que é difícil pela falta de crédito na praça e pela desconfiança de consumidores com a marca.
Nos últimos anos, a PDG Realty fez apenas dois lançamentos. Em 2024, apurou vendas líquidas de R$ 116 milhões e prejuízo de R$ 410 milhões (dados até setembro).
Já neste ano, em janeiro, a empresa anunciou que não irá renovar o contrato do CEO e diretor de relações com investidores, Augusto Alves dos Reis Neto. Em seu lugar, Maurício Tiso de Souza assumirá a presidência e a diretoria de relações com investidores da PDG Realty.
A notícia veio dois dias após a aprovação de um novo grupamento de ações pelos acionistas. Pela proposta, 125 ações da PDG Realty serão convertidas em uma única ação.
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