O governo de Donald Trump divulgou um esboço do orçamento federal para o ano fiscal de 2026 que prevê cortes profundos em áreas como energias renováveis, pesquisa climática e iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).
O orçamento proposto por Trump na sexta-feira (2) cancela mais de US$ 15 bilhões (R$ 84,5 bilhões no câmbio atual) da Lei de Investimentos em Infraestrutura e Empregos (IIJA, na sigla em inglês) destinados ao que a Casa Branca chama de “Esquema Verde”: energias renováveis consideradas pouco confiáveis, remoção de dióxido de carbono do ar e outras tecnologias limpas.
A proposta também prevê o cancelamento de US$ 5,7 bilhões adicionais da IIJA destinados ao Departamento de Transporte para programas de concessão de carregadores para veículos elétricos (EVs) em rodovias dos EUA.
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Segundo o documento enviado ao Congresso, o orçamento para 2026 redireciona esses recursos do Departamento de Energia para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que possam gerar uma abundância de energia fóssil doméstica e minerais críticos.
Reduções em pesquisa climática e monitoramento ambiental
A proposta orçamentária de Trump também ameaça a base científica do combate às mudanças climáticas.
A Nasa, por exemplo, teria a verba para pesquisa em ciências da Terra drasticamente reduzida, com a eliminação do financiamento para satélites de monitoramento climático considerados de “baixa prioridade” e para a aviação “verde” com foco climático.
O plano prevê ainda cortes expressivos na Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês) em programas de pesquisa e dados relacionados à agenda climática.
De acordo com o texto enviado ao Congresso, “os programas de subsídios educacionais da agência têm financiado de forma consistente esforços para radicalizar estudantes contra o livre mercado e disseminar alarmismo ambiental”.
A Fundação Nacional da Ciência (NSF, na sigla em inglês) também seria impactada, com uma redução de 56% em seu orçamento, atingindo diretamente pesquisas sobre energia limpa e ciências ambientais.
Além disso, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) perderia US$ 235 milhões em projetos voltados à justiça ambiental e estudos climáticos.
Eliminação de programas de diversidade, equidade e inclusão
O esboço do orçamento para 2026 também elimina completamente diversos programas ligados a diversidade, equidade e inclusão (DEI) desenvolvidos por agências federais e fundações científicas — inclusive no setor de saúde pública.
Entre os cortes estão:
- Encerramento de quatro institutos dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) focados em saúde de minorias, pesquisas de enfermagem, saúde global e saúde integrativa;
- Corte de US$ 3,4 bilhões para programas de pesquisa e educação da Fundação Nacional para a Ciência (NSF) voltados para clima, energia limpa e ciências sociais, comportamentais e econômicas consideradas de viés woke — termo usado pejorativamente pela extrema-direita americana.
- Redução no financiamento de universidades historicamente negras, como a Howard University, que perderia US$ 64 milhões.
Orçamento em linha com a atual visão da Casa Branca
Os cortes propostos pelo governo Trump não são uma surpresa. Eles seguem sua lógica administrativa de deslegitimar políticas de energias renováveis, DEI e transição energética, associando-as a agendas woke e burocracia.
O novo orçamento aprofunda essa estratégia, eliminando ou enfraquecendo iniciativas ambientais, sociais e científicas que divergem da atual visão da Casa Branca.
Por outro lado, os principais investimentos para 2026 refletem claramente as prioridades políticas do governo: defesa e segurança interna.
O orçamento propõe um aumento de 13% nos gastos com defesa, que chegariam a US$ 1 trilhão, além de um investimento de US$ 175 bilhões para reforçar a segurança nas fronteiras.
Essas áreas são apresentadas por Trump como essenciais para garantir a soberania nacional e projetar força global, um dos principais pilares do seu slogan de campanha Make America great again (ou Maga que, na tradução livre, significa Torne os EUA grandes de novo).
“Durante décadas, a maior reclamação sobre o Orçamento Federal era o gasto excessivo e a burocracia inflada. Mas, nos últimos quatro anos, os gastos do governo passaram a se voltar agressivamente contra o povo americano, e trilhões de nossos dólares foram usados para financiar o marxismo cultural, esquemas verdes radicais e até mesmo a nossa própria invasão. Nenhuma agência foi poupada na revolução cultural financiada pelos contribuintes promovida pela esquerda”, disse Russ Vought, diretor do Escritório de Gestão e Orçamento.
“Neste momento crítico, precisamos de um orçamento histórico — um que encerre o financiamento do nosso declínio, coloque os americanos em primeiro lugar e ofereça um apoio sem precedentes às nossas forças armadas e à segurança interna. O orçamento do presidente faz exatamente isso”, acrescenta Vought.
A proposta ainda precisa passar pelo Congresso, que tem o poder de definir o orçamento final.
*Com informações da CNN
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