A fuga de ativos dos Estados Unidos por investidores estrangeiros não é a principal responsável pela recente queda de Wall Street. De acordo com o JP Morgan, a causa real é a redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado norte-americano.
O bancão apontou que quando as ações despencaram, foram justamente os investidores de varejo que entraram em cena para aproveitar as ofertas.
A análise consta de nota publicada nessa quarta-feira (23) por uma equipe de estrategistas de mercado global do JP Morgan liderada por Nikoloas Panigirtzoglou.
Eles analisaram os fluxos de fundos para ações no ano e tentaram avaliar qual grupo de investidores foi o principal responsável pela queda do S&P 500 em relação à máxima histórica atingida em meados de fevereiro.
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Após os ganhos de quarta-feira, o S&P 500 começou a sessão de hoje 11% abaixo de sua máxima histórica.
O que acontece em Wall Street
Tem havido muita discussão nos mercados de que o recente desempenho inferior das ações americanas, em comparação com muitas bolsas ao redor do mundo, foi resultado da venda de ativos americanos por investidores globais em resposta às incertezas derivadas da guerra comercial deflagrada por Donald Trump.
No entanto, a equipe do JP Morgan afirmou que “há poucas evidências até o momento de vendas significativas de ações ou títulos americanos por investidores estrangeiros”.
Os dados mais recentes do Treasury International Capital, divulgados na semana passada e referentes a fevereiro, mostraram que investidores estrangeiros compraram cerca de US$ 24 bilhões em ações em fevereiro, mais que compensando a saída de US$ 13 bilhões em janeiro, e cerca de US$ 120 bilhões em títulos, segundo o JP Morgan.
Isso não cobre a retração após o pico de 19 de fevereiro de Wall Street. No entanto, informações mais atualizadas mostram que os fundos negociados em bolsa de ações americanos domiciliados fora dos EUA também não registraram vendas líquidas este ano.
Em vez disso, afirmou o JPMorgan, grande parte da venda de ações americanas em 2025 foi impulsionada por fundos de hedge focados em ações, tanto discricionários quanto aqueles com inclinação para negociação algorítmica, que se desfizeram de cerca de US$ 750 bilhões em ações no acumulado do ano.
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“Outro fator importante foram os fundos de hedge impulsionados pelo momento, como os CTAs, que se desfizeram de posições compradas elevadas que detinham em meados de fevereiro e passaram a posições vendidas elevadas no início de abril. Estimamos que suas vendas tenham chegado a cerca de US$ 450 bilhões”, disse o JPMorgan.
O banco afirma ter notado o que chama de “grande impulso negativo” por parte de grandes investidores em relação aos contratos futuros do S&P 500 e do Nasdaq 100, e que o interesse a descoberto no ETF SPY, um indicador do S&P 500, teve um aumento considerável desde as mínimas do início de 2025.
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Rotação no mercado de ações
Além disso, “houve um aumento notável no interesse a descoberto de empresas menores em termos de ações subjacentes no índice S&P [500], consistente com o papel fundamental desempenhado pelos fundos de hedge na correção do mercado acionário dos EUA”, acrescentaram os analistas.
O JPMorgan acredita que parte, mas não toda, das vendas de ações americanas por fundos de hedge reflete uma rotação para ações europeias e chinesas em detrimento de Wall Street.
“No entanto, grande parte da venda de ações americanas por fundos de hedge no acumulado do ano provavelmente reflete uma ampla redução de risco, em vez de uma rotação para ações de outras regiões”, acrescentam.
Ao contrário dos fundos de hedge, observou o JPMorgan, os investidores de varejo americanos continuaram a comprar ETFs de ações nacionais, com compras líquidas em torno de US$ 50 bilhões por mês, com pouca interrupção.
Dito isso, eles observam que, em relação aos ativos sob gestão, também houve um crescimento significativo nas compras de ETFs de ações europeias — como o Vanguard FTSE Europe ETF VGK.
*Com informações do MarketWatch.
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