O Brasil já foi governado por presidentes fortes, presidentes fracos, presidentes que mandavam e presidentes que obedeciam. Mas nunca antes na história deste país tivemos um governo tão… dividido. Quem realmente manda? O povo acha que a cadeira presidencial virou um banquinho de quatro pernas, cada uma puxando para um lado diferente, enquanto o vice, Geraldo Alckmin, fica ali, quietinho, como aquele primo certinho que ninguém chama para o jogo de truco porque não mente nem quando pode. Vale a pena lembrar uma frase do Brizola sobre o seu novo partido:
“Esse meu PT não é um partido, é um dividido”
De um lado, temos a Primeira-Dama, Janja, que tem mais agenda que ministro e mais opiniões que comentarista de futebol. Dizem que ela tem um papel forte no governo, mas até agora ninguém conseguiu definir exatamente qual. Se a gente perguntar para o brasileiro médio, ele diria que Janja está para Lula assim como a patroa está para o marido que jura que manda em casa, mas sabe que o controle remoto nem sempre está ao seu alcance.
No outro canto do ringue, aparece o sempre eletrizante Zé Dirceu, o estrategista que nunca perde um movimento no tabuleiro. Para alguns, ele é o grande arquiteto de um novo regime; para outros, é só um espectro político que teima em continuar assombrando o noticiário. O fato é que, com Dirceu por perto, o jogo nunca está completamente decidido.
A chave do cofre, no entanto, está nas mãos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Sim, ele é aquele que tenta segurar a economia brasileira como quem segura um gato bravo: com delicadeza, mas sempre correndo o risco de levar uma arranhada feia. E quando alguém pergunta para onde vai o dinheiro do governo, ele disfarça e fala sobre outro assunto que irá nos preocupar muito mais. Só esquece que tudo nos preocupa, e o que ele fala, altera as bolsas. Um amadorismo atroz.
E como se não bastasse essa trindade de poder paralelo, temos o verdadeiro Manda-Chuva e Tira-o-Sol do Brasil: Alexandre de Moraes. Não importa se está fazendo sol ou tempestade, se o Supremo decide, está decidido. O ministro virou praticamente um semideus da República: onipresente, onisciente e, de vez em quando, onipotente. Se ele quiser, a chuva cai, e se ele quiser mais ainda, a internet sai do ar.
É muito fácil saber o que vai acontecer se esse cabo de guerra continuar e o nosso Presidente pagando o pato. Vamos dar uma rápida olhada em uma pesquisa qualitativa com oito cidadãos da classe D. Perguntados, eles dirão que nunca votaram nos novos Gerentes do Brasil e que estão querendo acabar com o Lula, patrocinados por governos outros, que são contra os pobres e a favor dos cruéis empresários da nossa Terrinha. E as redes sociais reagem, dez minutos depois.
Enquanto isso, o Presidente Lula assiste a tudo isso com uma aprovação despencando mais rápido que o preço da TV depois da Copa do Mundo. De 35% para os atuais 24%, ele parece ter perdido a mágica do “Lulinha Paz e Amor”. Agora, ao invés de falar sobre união, suas falas sobre “ovo de pata” acabam confundindo mais do que inspirando. O carisma, que já foi seu maior ativo, está sendo diluído entre tantos bedéis, e o eleitor brasileiro fica se perguntando quem, afinal, está segurando o leme desse barco. A imagem do grande político dilui-se dentro do Congresso, e o Centrão, já começa a arrumar suas coisas para se apresentar em outro teatro, argumentando que esse governo nem vai começar.
A grande ironia disso tudo é que Lula, até agora, não fez nenhuma maldade, mas as maldades continuam acontecendo sobre seus eleitores e sobre os democratas que não votaram nele. O Brasil esperava o seu líder carismático, mas ganhou um jogo de poder tão dividido que parece um episódio de Game of Thrones – só que sem dragões, sem espadas, e com muito mais burocracia.
No fim das contas, a falta de um líder centralizado está transformando o governo em um puxadinho de vontades distintas, onde cada um tem seu pedaço de poder, mas ninguém parece capaz de juntar tudo em um projeto único. Resta ao brasileiro continuar acompanhando esse reality show político, torcendo para que, no meio desse jogo de forças, alguém lembre que o verdadeiro chefe ainda deveria ser o povo.
Se o Presidente derrotado quer a presidência, corra atrás dos eleitores e deixe o Trump cuidar da terra dele, que já não é mais aquele paraíso.
Roberto Caminha Filho, economista, não votou no Lula, mas quer o Presidente eleito…mandando.