Poucos dias após tomar posse como novo CEO da Braskem (BRKM5), Roberto Prisco Paraiso Ramos deixa evidente sua missão de acelerar a transformação da petroquímica, a começar pelo alto escalão.
O diretor presidente decidiu promover uma reforma completa na diretoria executiva da empresa — que envolve a chegada de um novo diretor financeiro (CFO) na petroquímica.
O CEO indicou Felipe Montoro Jens para substituir Pedro van Langendonck Teixeira de Freitas nas cadeiras de CFO e diretor de relações com investidores (DRI).
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Com três décadas de experiência profissional, Jens já atuou como membro do conselho de administração, diretor presidente, CFO, diretor de investimentos (CIO) em diversas empresas da Novonor — ex-Odebrecht, acionista controladora da Braskem — e de outros grupos.
O executivo inclusive foi responsável pela recente reestruturação societária e venda de ativos do Grupo Novonor.
O objetivo das mudanças no alto escalão da empresa é acelerar iniciativas de eficiência para enfrentamento ao ciclo de baixa petroquímico, alinhadas com o atual direcionamento estratégico da companhia.
Segundo fato relevante enviado à CVM, a nomeação de novos membros da diretoria executiva não impacta os planos da Novonor em realizar uma eventual transação envolvendo o controle da Braskem.
Outras mudanças na diretoria da Braskem (BRKM5)
Mas a dança das cadeiras não parou por aí.
A administração da Braskem também indicou Stefan Lepeck — diretor presidente da Braskem Idesa desde 2017 — para substituir dois executivos.
Lepeck assumirá as posições de Edison Terra Filho, responsável pela Unidade Olefinas & Poliolefinas América do Sul, e de Marcelo de Oliveira Cerqueira, chefe de Manufatura Brasil e Operações Industriais Globais.
A divisão de Pessoas e Comunicação da petroquímica também terá uma nova diretoria, com Andre Amaro da Silveira indicado para suceder Marcelo Arantes de Carvalho.
Silveira já é prata da casa. Além de ter sido eleito conselheiro da Braskem em 2023 e neste ano, o executivo trabalhou durante 30 anos no grupo controlador da petroquímica.
Por sua vez, Geraldo Vilaça Netto foi indicado para o cargo de diretor executivo responsável pela área jurídica — posição que voltará a ser estatutária em meio à reforma na Braskem.
O novo diretor presidente da Braskem também anunciou mudanças em empresas controladas e posições não estatutárias na companhia.
Uma delas foi a nomeação de Nir Lander, que substituirá Everson Bassinello na posição de Chief Compliance Officer (CCO). Lander tem mais de duas décadas de experiência em temas de auditoria interna, compliance e fraude corporativa.
As nomeações dos novos diretores estatutários ainda deverão passar pelo aval do Comitê de Pessoas e Organização e do conselho de administração da Braskem.
A indicação do novo CCO também precisará da aprovação do Comitê de Conformidade e Auditoria Estatutário (CCAE).
A expectativa é que os executivos tomem posse nos cargos ainda neste mês, após as aprovações das indicações.
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O cenário atual da petroquímica
A reestruturação do alto escalão da Braskem (BRKM5) chega em um momento de forte pressão para as finanças da petroquímica.
A petroquímica continuou no vermelho no terceiro trimestre, apesar de ter conseguido reduzir — em muito — as perdas.
O prejuízo líquido chegou a R$ 593 milhões entre julho e setembro, uma melhora de 75% frente à cifra negativa registrada em igual intervalo do ano passado. Segundo a empresa, a cifra foi impactada principalmente pelo efeito de R$ 1,2 bilhão de variação cambial negativa no resultado financeiro.
Por sua vez, a receita líquida de vendas cresceu 28% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a R$ 21,2 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente, indicador usado para mensurar a capacidade de geração de caixa operacional, subiu 160% no comparativo anual, a R$ 2,39 bilhões.
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O desempenho foi ajudado pela melhora dos spreads — diferença entre o preço da matéria-prima e o preço dos produtos derivados — dos petroquímicos.
Apesar de continuar em patamar elevado devido ao aumento do endividamento, a alavancagem da Braskem teve forte queda, tanto em base anual quanto trimestral.
O indicador encerrou o terceiro trimestre em 5,76 vezes a relação entre dívida líquida ajustada e Ebitda recorrente no período.
Por outro lado, a queima de caixa da Braskem continuou em ritmo acelerado no trimestre, encerrando setembro com um montante negativo em R$ 1,9 bilhão, piora de 75% na relação anual.
O peso no balanço também se reflete na bolsa. As ações BRKM5 acumulam derrocada de 29% na B3 desde janeiro, com a companhia atualmente avaliada em R$ 12,2 bilhões.
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