A Copasa (CSMG3) pode parecer uma mina de ouro para investidores ávidos por dividendos, mas o Itaú BBA não se convence apenas com os proventos polpudos.
Apesar de enxergar um rendimento com dividendos (dividend yield) atraente de cerca de 11% para 2024 e de 10,4% para 2025, o banco mantém uma postura cautelosa sobre a estatal mineira.
Os analistas retomaram a cobertura das ações com recomendação “market perform“, equivalente a neutro, e um preço-alvo de R$ 24,10 por papel para o final de 2025.
A cifra implica uma leve desvalorização potencial de 1,5% em relação ao último fechamento.
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Nem os dividendos da Copasa (CSMG3) convencem
Um dos principais motivos por trás da visão mais conservadora para a Copasa (CSMG3) está no preço.
Para o Itaú BBA, a ação da companhia de saneamento já teve um desempenho notável, com ganhos da ordem de 14% no acumulado do ano — bem acima da performance do Ibovespa, que somou alta de 6% no período.
Segundo os analistas, foram os dividendos atraentes da empresa de serviços básicos e as discussões regulatórias em andamento que impulsionaram as ações nos últimos tempos.
No entanto, o banco avalia que o patamar atual de preços da ação CSMG3 já reflete seu valor justo.
Nas contas dos analistas, os papéis negociam a um múltiplo implícito de 0,98 vez considerando a relação entre valor de firma e a base de ativos regulatórios — bem próximos ao múltiplo justo estimado pelos analistas, de 0,97 vez.
“Não há prêmio nos papéis assumindo que a empresa continue estatal, e continuamos céticos quanto à probabilidade de privatização”, avaliaram.
Incertezas no caminho da Copasa
Um dos principais pontos de atenção citados pelo Itaú BBA é o reajuste tarifário.
A expectativa é que novos ajustes aconteçam no próximo ano, com potencial para aumentos reais a partir de janeiro de 2027.
Diante das perspectivas de um reajuste tarifário negativo, o banco projeta que o rendimento recorrente de dividendos da Copasa caia para cerca de 5,3% em 2026.
Na visão dos analistas, embora se espere um ligeiro aumento do rendimento no médio a longo prazo, o dividend yield da Copasa deve atingir apenas um dígito até o final do ciclo.
Outro fator importante é o plano de investimentos (capex) massivo da Copasa para os próximos anos, com uma média anual de R$ 3,2 bilhões até 2029.
O objetivo da companhia mineira é atingir a universalização do serviço de esgoto até 2033.
No entanto, o Itaú BBA prevê que esse aumento de capex levará a um crescimento gradual na alavancagem da empresa, que deve atingir o de 3 vezes em 2029 — bem acima do patamar atual, de 1,8 vez.
Privatização pode destravar valor
Isso não significa que não haja pontos positivos para a Copasa (CSMG3) — pelo contrário.
O Itaú BBA vê dois potenciais gatilhos positivos de curto prazo da Copasa: as melhorias regulatórias e a expectativa de uma potencial privatização.
Para os analistas, em um cenário otimista de desestatização, a empresa mineira poderia ter um potencial de alta de aproximadamente 40% — mas a realidade é que a agenda de privatizações em Minas Gerais será uma tarefa difícil de ser alcançada, segundo o banco.
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“Acreditamos que qualquer progresso na agenda política em direção à privatização poderia servir como um catalisador para uma reclassificação das ações”, disse o Itaú BBA.
No entanto, os analistas acreditam que esses dois fatores já estão nas contas do mercado, o que limita uma valorização adicional das ações CSMG3 nos próximos meses.
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