A temperatura já estava elevada para a reunião desta quarta-feira (7) e o Federal Reserve (Fed) resolveu manter o fogo alto ao anunciar a manutenção da taxa de juros na faixa de 4,25% e 4,50% ao ano — colocando para ferver a relação com o presidente dos EUA, Donald Trump.
O republicano jogou Jerome Powell na panela de pressão: criticou o nível dos juros nos EUA, pressionou pelo afrouxamento monetário imediato e até ameaçou demitir o chefe do banco central norte-americano, sacudindo os mercados lá fora e aqui. Com a decisão de hoje, a relação de ambos pode passar do ponto — de novo.
O comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) trouxe um alerta junto com a decisão unânime de manutenção dos juros: os riscos de volatilidade e como ela está influenciando as decisões.
“A incerteza quanto às perspectivas econômicas aumentou ainda mais”, diz o documento. “O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos de aumento do desemprego e da inflação aumentaram”, acrescenta a nota, referindo-se ao mandato de pleno emprego e estabilidade de preços em 2%.
O comunicado, no entanto, não aborda especificamente as tarifas de Trump.
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Se, na Casa Branca, a decisão tem tudo para esquentar os nervos de Trump, no mercado, a manutenção já era esperada — ainda assim a reação, antes das declarações de Powell, foram quentes. Em Wall Street, o Dow Jones avançou mais de 200 pontos na esteira do comunicado, ou 0,24%, enquanto o S&P 500 passou a operar no vermelho, com queda de 0,36%, e o Nasdaq acelerou as perdas para 0,85%.
Por aqui, o Ibovespa seguiu em queda, de -0,19%, aos 133.263,29 pontos, enquanto o dólar no mercado à vista se manteve em alta. A moeda norte-americana subia 0,56%, cotada a R$ 5,7430.
Trump x Powell: cozinhando em banho-maria
Trump identificou Powell como um de seus principais alvos. No último mês, chamou o presidente do Fed de “Sr. Tarde Demais” e de “grande perdedor” em meio às exigências de corte dos juros.
O republicano teria discutido a demissão de Powell, uma medida com base jurídica instável e, desde então, vem adotando uma postura de morde e assopra com relação à condução da política monetária do Fed.
- Powell foi nomeado para presidente do Federal Reserve por Trump em 2017, reconduzido por Joe Biden, e seu mandato só termina em maio de 2026.
Embora Trump queira meter a colher onde não foi chamado, Powell já deixou claro que acredita que o presidente dos EUA não tem autoridade legal para destituí-lo antes do término de seu mandato, mas não abordou explicitamente a recente onda de xingamentos do republicano.
*Conteúdo em atualização
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