Junho é considerado Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e, ao longo do mês, a Pouca Vergonha abordará reportagens para todas as das letras da sigla. A visibilidade lésbica, parte crucial da luta contínua pela igualdade, dá início às matérias.
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Michele Seixas, especialista em direitos humanos, gênero e sexualidade e coordenadora de política nacional na articulação brasileira de lésbicas (ABL) e fundadora do Instituto Brasileiro de Lésbicas, destaca que, infelizmente, com exceção do mês de junho, as mulheres lésbicas ainda sofrem muito com a visibilidade — não só de seus afetos, mas também politicamente.
A invisibilidade lésbica é um problema que afeta a comunidade lésbica em várias frentes
“Relações e o afeto entre mulheres lésbicas ainda são assuntos tabus. Somos fetichizadas não só em redes sociais, como também pelos nossos próprios companheiros de luta, infelizmente”, salienta.
A especialista comenta que, quando se fala de afetos e relacionamentos, fala-se de famílias lésbioafetivas, ou seja, formadas por mulheres lésbicas. “Ainda não temos planejamento familiar. Quando falamos de afeto, de família, falamos de planejamento familiar. E planejar a família é planejar quando ter e também quando não ter. Não temos tem nenhum tipo de seguridade no que tange ao judiciário no Brasil.”
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Ao visibilizar as lésbicas, a sociedade pode começar a entender e combater o preconceito contra elas, promovendo uma sociedade mais inclusiva e respeitosa
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As lésbicas enfrentam desafios específicos em relação à saúde, como acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva
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A falta de representação e visibilidade das lésbicas em meios de comunicação, política, cultura e educação, o que contribui para a invisibilidade
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Michele acrescenta que o afeto lésbico também é uma medida política.
“Somos negadas a viver e conviver em família. Quando temos a oportunidade de formar nossas famílias, temos nossos direitos humanos e direitos sociais negados e violados.”
A ativista ainda reflete sobre como os afetos lésbicos são uma forma de resistência. “O amor entre mulheres é revolucionário — ele incomoda, ele é dissidente.”
A militante e especialista no assunto reflete, por fim, sobre os desafios sociais enfrentados pela sigla. E abre o debate a respeito de outras interseções que comprometem os afetos lésbicos.
“Estamos indo contra toda uma sociedade heteronormativa. Eu, Michelle, sou um corpo insurgente, eu sou um corpo não dominável, porque eu sou um corpo de uma mulher lésbica, preta, nascida e criada ainda moradora de uma favela, filha única de um casal, que fez de tudo para criar uma filha que fosse feliz, independente dos seus afetos e das suas relações afetivas sexuais.”