Assim como diversos outros segmentos dentro do luxo, o setor de relógios definitivamente não está mais no prime. Os culpados já são conhecidos: a desaceleração da China e as incertezas na demanda de mercados-chave como os Estados Unidos e na Europa.
Dois importantes “termômetros” de relojoaria deixam isso claro: os dados anuais da Federação da Indústria Relojoeira Suíça e o relatório do Morgan Stanley em parceria com a consultoria suíça Luxe Consult, que estima as receitas das 50 principais marcas de relógio do mundo.
Depois de dois anos de bonança, com a recuperação pós-pandemia de Covid-19, 2024 foi um período desafiador para o segmento como um todo. As exportações da indústria relojoeira suíça registraram uma queda de 2,8% em termos de receita, em comparação com 2023, de acordo com a Federação.
A queda em termos de volume foi ainda mais expressiva: 14,5%. No total, foram 5,4 milhões de relógios exportados no ano, evidenciando uma tendência de volumes mais baixos e preços mais altos dos itens.
No entanto, mesmo nesse marasmo, uma player segue sendo a líder incontestável: a Rolex.
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A empresa continua sendo a maior marca de relógios do mundo, com faturamento estimado em mais de 10,5 bilhões de francos suíços (R$ 68,5 bilhões) — 500 milhões francos a mais que em 2023.
A participação de mercado também é incontestável. A Rolex captura 32% do segmento, considerando as 50 principais players mapeadas pelo Morgan Stanley e pela Luxe Consult. Nas palavras do relatório, “nenhuma outra marca de luxo possui uma dominância tão grande em seu setor”.
O segundo lugar, ocupado pela Richemont (dona da Cartier), detém 8%.
O “fenômeno Rolex” também revela outra informação curiosa sobre a relojoaria: as companhias privadas têm se saído melhor do que aquelas que têm ações negociadas na bolsa de valores.
A polarização no mercado de relógios
As principais marcas privadas — o “Big Four” composto por Rolex, Patek Philippe, Audemars Piguet e Richard Mille — têm reportado crescimento mesmo no contexto de queda do setor. Ao passo que os três grandes grupos de capital aberto — LVMH, Richemont e Grupo Swatch — lutam para manter a participação de mercado.
O caso mais emblemático é do Grupo Swatch, que teve queda de 14,6% nas vendas em 2024. Já do outro lado da moeda, as companhias do “Big Four” foram responsáveis por 52,4% das vendas, ante 49,8% em 2023.
A relojoaria de altíssimo padrão, na verdade, foi quem sustentou o mercado. Os relógios com preços superiores a 50.000 francos suíços (R$ 326 mil) foram responsáveis por 84% do crescimento em 2024 – embora representem apenas 1,2% do volume de vendas.
Para 2025, o desafio apontado pelo Morgan Stanley para as marcas é concentrar o desenvolvimento em mercados promissores e otimizar as estratégias de distribuição.
Um relatório recente do Business of Fashion (BoF) em parceria com a consultoria McKinsey & Company, entitulado The State of Fashion: Luxury, aponta que a tendência para os próximos três anos é que o setor global de luxo cresça entre 2 e 4% por ano — uma cifra levemente melhor que a de 2024, no qual o crescimento foi aproximadamente 2%. Veja mais insights aqui.
* Com informações da Monochrome Watches e do Journal du Luxe
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