O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nunca sinalizou, em reuniões com ministros e secretários após as eleições de 2022, que gostaria de cometer um golpe de Estado. O parlamentar afirmou que, após perder as eleições, Bolsonaro tratou apenas de assuntos relacionados ao Partido Liberal.
Marinho é uma das testemunhas indicadas pelo ex-presidente na ação penal que investiga uma suposta trama golpista que buscava impedir que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumisse o país. As audiências são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
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Líder da oposição no Senado, Marinho acrescentou que Bolsonaro, após a eleição, nunca tocou no assunto de uma ruptura do Estado Democrático de Direito, se pautando apenas em assuntos referentes ao partido presidido por Valdemar Costa Neto. A pergunta foi feita pelo advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi.
“A conversa foi sempre nessa linha, de trabalhar a eleição para a Presidência da República — nos preocupando com a organização do partido no pós-Bolsonaro. Como o partido se comportaria”, afirmou. “De maneira nenhuma [falava em golpe]. Ele falava da importância do crescimento do PL […] Em todos os momentos em que estive no [Palácio do] Planalto, era a questão partidária”, completou Marinho.
Ao ser questionado pela defesa de Bolsonaro sobre alguma participação do ex-presidente nos atos golpistas de 8 de janeiro, quando manifestantes depredaram os prédios dos Três Poderes, Marinho pontuou que Bolsonaro não teve participação.
“Pelo contrário. Havia preocupação do presidente de que não houvesse excesso, mas sim civilidade. Todos estávamos chateados com o resultado do pleito eleitoral. Não é fácil uma derrota eleitoral como ocorreu, com um placar muito pequeno. O presidente estava preocupado que não houvesse bloqueio de rodovias para não atrapalhar a economia e a própria transição do comando do país”, concluiu o ex-ministro de Bolsonaro.
Interrogatórios
O ministro Alexandre de Moraes marcou, a partir de 9 de junho, os interrogatórios dos réus da ação penal que investiga uma suposta trama golpista. Eles compõem o chamado núcleo crucial da investigação.
Ao todo, são oito pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os trabalhos terão início com o interrogatório do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
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Após Cid, começam a ser ouvidos os demais réus. O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) será o primeiro, seguindo a ordem alfabética. O parlamentar, diferentemente dos demais réus, responde por apenas três dos cinco crimes imputados aos outros investigados, pois os demais teriam sido cometidos após a sua diplomação.
Como os interrogatórios podem se estender por mais de um dia ou até três serem realizados no mesmo dia, não é possível cravar, com precisão, em qual data cada um dos réus prestará depoimento.
Calendário
- 9/6 – começa 14h, com o delator Mauro Cid;
- 10/6 – das 9h às 20h;
- 11/6 – 8h às 10h;
- 12/6 – das 9h às 13h;
- 13/6 – das 9h às 20h.
Os réus poderão optar por ficar em silêncio ou responder as perguntas. Veja como ficará a ordem dos réus que serão ouvidos no STF, após o interrogatório de Mauro Cid:
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
- General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
Saiba quais são os crimes imputados contra Bolsonaro e 7 réus:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima;
- Deterioração de patrimônio tombado.