Meus pais já moravam em Brasília quando, lá em Santa Tereza de Goiás, eu nasci. Foram dois meses de norte goiano e vários anos de uma vida quase inteira no DF. Em 2013, decidi tentar encontrar casa em outro estado e foi só depois de me mudar que percebi que a gente nunca deixa de morar nas escolhas que nosso coração faz; e meu coração escolheu Brasília.
São vários os lugares onde minha saudade passeia quando estou longe. Frequentemente desejo respirar fundo em um dos grandes espaços verdes do Parque da Cidade e quase todo dia tenho uma lembrança que passa pela imensidão que foi e é a UnB pra mim.
Mas, nada representa tão bem o sentimento de abraço – seja ele de chegada ou despedida – do que o Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek.

É lá o cenário das minhas tantas idas e vindas. O Aeroporto é a primeira e a última paisagem que vejo quando estou prestes a alagar os olhos porque cheguei ou porque tenho que ir.
E por mais que, até hoje, eu quase nunca consiga diferenciar quando estou indo e quando estou voltando, o aeroporto é esse lugar que me lembra que tenho motivos para sorrir seja qual for o itinerário.
O Aeroporto de Brasília parece conversar com a lógica da cidade. Não apenas pelo formato de avião que tem o mapa do Plano Piloto, mas também pelos corredores largos como as ruas; pela horizontalidade e imponência das grandes retas, sem falar da infinidade de números de portões que podem nos lembrar das tantas quadras das asas Sul e Norte.
Quando estou no Aeroporto de Brasília geralmente estou pensando nos abraços que estou levando ou nos tantos que quero receber. Lembro do trajeto que me trouxe da casa dos meus pais e sorrio em pensar que é o mesmo que me levará de volta pra lá, quando for hora.
Penso na hora e no número do portão que podem me custar o tempo daquele pão de queijo superfaturado. Vez ou outra, quando estou completamente dominada por esses pensamentos, recebo um aceno de reconhecimento de alguém que acompanha e gosta do meu trabalho.
Em geral, são momentos importantes para lembrar do porquê estou em viagem.
Em geral a vida toda é uma grande viagem e o poder dos aeroportos é nos lembrar disso. O de Brasília tem, pra mim, o superpoder de lembrar da minha viagem preferida: a que eu escolhi.
Um beijo, Brasília! Parabéns pelo aniversário e pelo belíssimo aeroporto. Saudades.
* Texto da atriz, roteirista e escritora Nathalia Cruz