Se havia alguma dúvida, não há mais. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, foi claro: o banco central norte-americano não tem pressa para cortar os juros em meio a uma economia forte, um mercado de trabalho sólido e uma inflação que está desacelerando, mas ainda segue acima da meta de 2% ao ano.
Powell disse que se essas condições continuarem prevalecendo, o BC dos EUA não precisa agir com rapidez para aliviar a política monetária.
“Com nossa postura política agora significativamente menos restritiva do que era e a economia permanecendo forte, não precisamos ter pressa para ajustes”, disse Powell.
“Sabemos que reduzir a restrição política muito rápido ou muito pode prejudicar o progresso da inflação. Ao mesmo tempo, reduzir a restrição política muito lentamente ou muito pouco pode enfraquecer indevidamente a atividade econômica e o emprego”, acrescentou.
Os comentários de Powell acontecem na primeira de duas aparições esta semana no Congresso para depoimentos semestrais. Nesta terça-feira (110 ele fala ao Comitê Bancário do Senado e na quarta-feira (12) ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara.
A reação do mercado ao discurso de Powell foi branda — ele ainda vai responder perguntas dos senadores. Em Wall Street, inicialmente, os principais índices da Bolsa de Nova Nova seguiram operando em queda.
No mercado de dívida, no entanto, os yields (rendimentos) dos títulos de dívida de dois anos do Tesouro dos EUA — mais sensíveis a mudanças na política monetária — renovaram máxima intradia a 4,296%.
Por aqui, o Ibovespa perdeu um pouco do impulso, subindo 0,48%, aos 126.171,69 pontos.
No mercado de câmbio, o dólar à vista seguia em queda: -0,25%, cotado a R$ 5,7717. No exterior, a moeda norte-americana também ampliou as perdas em relação a pares mais fortes.
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Powell não cita Trump no discurso
Os mercados interpretam as mensagens recentes de Powell e de seus colegas do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) como indicações de que o banco central norte-americano dará uma pausa no corte de juros até pelo menos junho.
Na primeira reunião de 2025, realizada no mês passado, o Fed manteve os juros na faixa atual de 4,25% a 4,50% ao ano. A última vez que o BC dos EUA reduziu a taxa referencial foi no final de 2024.
“Estamos atentos aos riscos para ambos os lados do nosso mandato duplo, e a política está bem posicionada para lidar com os riscos e incertezas que enfrentamos”, disse Powell.
No discurso, o chefe do Fed não citou as medidas adotadas por Donald Trump e que tem potencial de acelerar a inflação nos EUA, dificultando o trabalho do banco central de trazer os preços para a meta de 2%.
Vale lembrar que assim que voltou à Casa Branca, Trump disse que exigiria que os juros caíssem “imediatamente”.
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Quando vem o próximo corte de juros nos EUA
Se Powell não dá a resposta exata de quando virá o próximo corte de juros nos EUA, o mercado imediatamente se posiciona sobre o ciclo de aperto monetário por lá.
Em dezembro, quando apresentou as últimas atualizações, o Fomc cortou de quatro para duas as reduções da taxa neste ano.
Com o discurso de Powell de hoje, essas chances caíram ainda mais. A probabilidade de apenas um corte de juros em 2025 subiu de 35% para 37%, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.
Além disso, o momento do próximo afrouxamento também foi postergado: passou de junho para julho.
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