A Natura (NTCO3) acaba de enfrentar outro revés no mercado financeiro. Após a decepção com o balanço do quarto trimestre, que resultou em uma significativa queda no valor de suas ações no último pregão, a empresa agora é alvo de um rebaixamento pelo JP Morgan.
Depois das ações perderem quase 30% do valor em um só pregão, o banco norte-americano decidiu reduzir a recomendação de “outperform” para neutra.
O banco também ajustou o preço-alvo fixado para dezembro de 2025, de R$ 21 para R$ 15. Mesmo com o corte, a nova cifra ainda prevê uma valorização potencial de quase 58% em relação ao último fechamento.
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Para os analistas, tendências operacionais mais fracas de curto prazo e níveis elevados de ruídos devem continuar a pesar sobre as ações.
A retomada do interesse por NTCO3 dependerá justamente da confirmação de tendências operacionais mais robustas nos próximos meses, segundo o banco.
Na abertura da sessão desta segunda-feira (17), inclusive, os papéis NTCO3 estendem as perdas como uma das maiores baixas do Ibovespa, com queda de 4,00% na primeira hora de negociação, a R$ 9,12.
Por que as ações da Natura (NTCO3) derreteram — e o que esperar agora?
O JP Morgan atribui a performance tão negativa de NTCO3 na sessão passada à completa frustração dos investidores com o resultado da Natura.
Até então, as principais operações na América Latina mostravam tendências positivas, com sinais de melhorias contínuas impulsionadas pela simplificação dos negócios e pela desalavancagem.
No entanto, o balanço do 4T24 caiu sobre os investidores como um balde de água fria, com uma rentabilidade significativamente aquém da esperada, pressionada pelas margens brutas e pelo aumento das despesas.
“Os resultados positivos da integração da Avon na América Latina impulsionaram uma maior rentabilidade. No entanto, resultados recentes interromperam as tendências de melhoria, limitando a visibilidade de médio prazo, dada a margem bruta significativamente mais fraca e despesas mais pesadas”, apontaram os analistas.
O JP Morgan também destaca a frustração intensificada pelos constantes ajustes no balanço da Natura, com a presença de itens não recorrentes que “parecem cada vez mais recorrentes”.
O banco avalia que esse cenário mina a confiança na capacidade de execução da Natura, levantando dúvidas sobre a melhora das margens na operação latino-americana e a recorrência de ajustes nos resultados, obscurecendo a visibilidade de médio a longo prazo.
“O negócio principal na América Latina, que não se mostra tão saudável quanto se esperava, enfraquece a tese de curto prazo de uma sólida ‘vaca leiteira’ emergindo após a integração das operações da Avon LatAm na estrutura da Natura”, analisou o banco.
Natura (NTCO3): lucro e valuation
Diante de perspectivas menos otimistas para o curto prazo, o JP Morgan reduziu suas projeções de lucro para a Natura em quase 30%, refletindo margens brutas mais pressionadas e despesas mais elevadas.
Com as estimativas de lucratividade mais modestas, o valuation da Natura agora apresenta um múltiplo de 11,8 vezes o preço/lucro estimado para 2025, com um prêmio em relação a outras empresas do varejo brasileiro e latino-americano.
“Dada a visibilidade turva dos resultados, consideramos improvável uma reavaliação das ações no atual ambiente de mercado”, ponderou o JP Morgan
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Após a turbulência, a recompra de ações
Em paralelo ao rebaixamento de sua recomendação, a Natura&Co (NTCO3) anunciou nesta manhã um novo programa de recompra de ações.
A companhia planeja adquirir até 6,2% do total de ações atualmente em circulação, o que equivale a pouco mais de 52,6 milhões de ações ordinárias NTCO3. O programa teve início nesta segunda-feira (17) e poderá se estender por 12 meses, até 17 de março de 2026.
A justificativa da empresa para a recompra é maximizar a geração de valor para os acionistas por meio de uma gestão eficiente de sua estrutura de capital.
É importante lembrar que as ações da NTCO3 perderam quase metade de seu valor no último ano, acumulando uma desvalorização de cerca de 46% na B3 em 12 meses.
As transações de recompra geralmente indicam que a administração da empresa acredita que suas ações estão subvalorizadas no mercado. No entanto, existem outros motivos para a aprovação de um programa de recompra, como:
- A empresa acredita que suas ações estão baratas ou mal avaliadas pelo mercado;
- A companhia precisa distribuir ações aos executivos como bônus e não quer emitir novos papéis;
- Ela quer gerar valor ao acionista que continua em sua base, apesar da instabilidade do mercado.
Vale lembrar que a recompra é justamente uma das maneiras que uma empresa pode escolher para remunerar seus acionistas, funcionando como um “pagamento indireto de dividendos”.
Caso a companhia decida cancelar as ações recompradas, o acionista se beneficia por acabar com uma participação proporcionalmente maior na empresa após a operação, tendo, consequentemente, direito a uma fatia maior dos lucros e dividendos futuros.
Em contrapartida, a recompra de ações pode reduzir a liquidez dos papéis na bolsa, uma vez que menos ações estarão disponíveis para negociação no mercado.
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