Com os mercados de ações no meio do fogo cruzado do tarifaço de Donald Trump, fica difícil imaginar que haja quem saia fortalecido da guerra comercial. Porém, se as taxações “recíprocas” não levarem a uma recessão global, o Nubank (ROXO34) será beneficiado, segundo avaliação do JP Morgan.
Nesta terça-feira (8), a instituição norte-americana elevou a classificação para overweight — ou seja, avalia que as ações terão um desempenho acima do mercado.
Desde a divulgação de um balanço misto no quarto trimestre pelo Nubank, os analistas do JP Morgan tinham avaliação neutra para os papéis. Porém, eles agora enxergam que houve uma venda em massa das ações, o que oferece um bom ponto de entrada para investidores.
A instituição projeta um lucro líquido de US$ 2,4 bilhões até US$ 3,2 bilhões para o Nubank no período entre 2025 e 2026. As estimativas do JP Morgan estão de 5% a 10% abaixo do consenso do mercado. Ainda assim, o JP avalia que o banco deva crescer os lucros em mais de 30% nos próximos 3 anos, “algo difícil de encontrar”, afirma em relatório.
Além disso, com a guerra comercial de Trump, o Nubank pode se beneficiar de um dólar mais fraco e taxas de juros mais baixas ao redor do mundo. Assim, a instituição avalia que as ações têm um potencial de alta de 34%.
Apesar disso, as preocupações com o banco não sumiram: o JP Morgan rebaixou o preço-alvo das ações de US$ 14 para US$ 13.
- VEJA TAMBÉM: Empresa brasileira que pode ‘surpreender positivamente’ é uma das 10 melhores ações para comprar agora – confira recomendação
Um 2025 complicado, mas o Nubank pode dar conta
O JP Morgan ainda prevê uma desaceleração no crescimento de cartões de crédito e empréstimos pessoais para o banco, como já vinha sinalizando desde a publicação do último balanço de 2024.
Na visão dos analistas, o crescimento mais lento em áreas consideradas importantes pode levar o Nubank a viver um 2025 desafiador. Apesar disso, há ventos favoráveis ao banco que sustentam a tese no médio prazo.
Segundo os analistas, a alavancagem operacional continua sendo um dos principais pontos positivos para o Nubank. Isso porque, se as receitas desacelerarem, a projeção é que o banco tenha espaço para otimização de custos.
Além disso, o JP Morgan avalia que há um grande mercado endereçável no setor bancário para o Nubank. Assim, em um cenário de desaceleração dos segmentos de cartões e empréstimos pessoais, ainda existem oportunidades em pequenas e médias empresas (PMEs), investimentos e outras receitas com tarifas.
Para os analistas, o mercado ignora os potenciais segmentos que a empresa pode explorar. Além disso, avalia que o banco tem uma vantagem em precificação em relação aos pares no setor.
- VEJA MAIS: Caos nos mercados? ‘Ninguém gosta de incerteza, mas ela abre oportunidades’, diz analista que indica estas ações para investir; confira
Nubank no Brasil, México e Colômbia
Por aqui, o Nubank deve receber uma ajudinha do Pix. Isso porque, na avaliação do JP Morgan, a iniciativa da portabilidade do modelo de pagamento indica um ambiente regulatório favorável à competição.
Essa característica também é vista no mercado da Colômbia, com a criação do Bre-B, um sistema de pagamentos instantâneos inspirados no Pix.
Além disso, analistas enxergam que o banco vem tomando medidas para reduzir o risco da carteira de crédito no Brasil por meio da redução do ritmo de concessão de crédito via Pix.
Apesar disso, há outros mercados na América Latina que podem trazer dores de cabeça para o Nubank. O JP Morgan avalia que as operações no México e na Colômbia podem passar de prejuízo para lucratividade, mas apenas no médio prazo.
Para o México, a expectativa é de um cenário positivo só a partir de 2026, devido a um ambiente muito competitivo. Porém, os analistas estimam uma redução nas perdas líquidas de mais de US$ 100 milhões, em 2024, para aproximadamente US$ 30 milhões neste ano.
- VEJA TAMBÉM: Momento pode ser de menos defensividade ao investir, segundo analista; conheça os ativos mais promissores para comprar em abril
Não é um mar de rosas
Apesar de mostrar resiliência, o Nubank não enfrenta um mar de rosas à frente. O JP Morgan avalia que os papéis do banco ainda são vistos como uma “ação estilo Nasdaq”, o que pode deixá-los vulneráveis em um cenário de correção.
Além disso, o banco enxerga que a América Latina ainda tem tido uma boa performance no acumulado do ano. Assim, no caso de investidores globais e focados em crescimento decidirem reduzir exposição, analistas entendem que o posicionamento da ação pode não ser favorável.
O JP Morgan também aumentou o custo de capital em dólares para 12,5%, o que levou a estimativa do preço-alvo para dezembro de 2025 a cair de US$ 14 para US$ 13 por ação.
“Esta não foi uma mudança de recomendação fácil, já que continuamos abaixo do consenso, mas é difícil encontrar empresas com crescimento de lucro por ação acima de 30% ao ano, com boa gestão e atuando em um mercado endereçável gigantesco”, afirmaram os analistas.
The post JP Morgan eleva avaliação do Nubank (ROXO34) e vê benefícios na guerra comercial de Trump — mas corta preço-alvo das ações appeared first on Seu Dinheiro.