Quando as palavras “inteligência artificial” e “Elon Musk” são vistas juntas, em geral, é um sinal de que uma das companhias do bilionário está com uma inovação no horizonte.
No entanto, nos últimos meses, o nome do CEO da Tesla está diretamente ligado ao governo de Donald Trump, que vem adicionando pressão aos mercados internacionais, enquanto a inteligência artificial (IA) vem começando a preocupar o mundo com as chamadas deep fakes.
Assim, os dois termos passaram a representar as duas maiores ameaças à reputação das empresas no primeiro trimestre de 2025, segundo o Reputation Risk Index (Índice de Riscos à Reputação, em tradução livre), produzido pelo Global Situation Room (GSR).
Para acompanhar o ritmo do ambiente de risco reputacional, o índice é atualizado e divulgado a cada três meses. A pesquisa combina a coleta de dados com a análise da equipe de especialistas em crises da GSR, formada por mais de 117 membros de 17 países diferentes e que inclui ex-chefes de Estado e executivos do governo norte-americano.
O levantamento identificou quase 100 diferentes riscos reputacionais neste trimestre. O uso indevido da inteligência artificial, a associação com Elon Musk e o retrocesso em iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) foram os destaques.
A pesquisa ainda mostrou que esses riscos devem aumentar no decorrer do ano. Entre os membros do conselho do índice, 86% dos especialistas indicaram que essas ameaças tendem a se intensificar nos próximos três meses.
Confira os dez maiores perigos à reputação das empresas até agora:
- Uso indevido da Inteligência Artificial (IA);
- Associação a Elon Musk;
- Retrocesso em iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI);
- Práticas anticompetitivas e acusações de violação às leis antitruste;
- Acusações de difamação;
- Quebra de contrato;
- Violação de propriedade intelectual e direitos autorais;
- Denúncias internas;
- Fixação de preços;
- Envolvimento na crise de opioides.
- VEJA MAIS: Nvidia cai mais de 6% com ‘bloqueio’ de Trump em vendas de chip para a China e analista prefere ação de ‘concorrente’ para investir agora; entenda
IA como um risco para a reputação: os problemas trazidos pela tecnologia
Se as empresas que não incluem a IA no dia a dia podem acabar ficando para trás, as companhias que utilizam mal a tecnologia estão enfrentando impactos na reputação.
Segundo o levantamento, o uso indevido de inteligência artificial, incluindo a criação de deep fakes e desinformação que causam danos ou manipulam a percepção pública, representa o risco mais severo e mais propenso a gerar atenção negativa nas notícias online.
Entre os entrevistados, 20% classificaram mau uso da IA como 10 (em uma escala de 1 a 10, sendo 10 o maior risco) e consideraram o impacto como profundo.
De acordo com um membro do conselho: “A IA, se não compreendida ou gerida nas empresas, pode ter um efeito cascata impressionante e irreversível”, afirma.
Além disso, os entrevistados avaliam que a inteligência artificial deve continuar a ser uma preocupação. “As organizações precisam investir em políticas de IA da mesma forma que fazem com todas as outras políticas operacionais”, disseram os analistas em relatório.
- LEIA TAMBÉM: Inteligência artificial autônoma abala modelos de negócios das big techs; Google é a que tem mais a perder, mas não é a única, diz Itaú BBA
Elon Musk no olho do furacão
Elon Musk estava ao lado de Donald Trump já na posse do novo presidente norte-americano — e lidou com polêmicas desde o primeiro dia. De lá para cá, o republicano vem causando cada vez mais ruídos nos mercados de ações, arrastando o bilionário para o olho do furacão.
Isso porque, atualmente, Musk faz parte do governo norte-americano, estando à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês).
O bilionário lidera uma cruzada contra os gastos públicos nos EUA, que já causou atritos até mesmo dentro do Partido Republicano.
Além disso, as tarifas impostas por Donald Trump também dificultam a vida de Elon Musk. De acordo com o Bloomberg Billionaires Index, o patrimônio líquido do CEO da Tesla foi o que mais caiu neste ano até 18 de abril: foram US$ 129 bilhões em perdas.
Porém, segundo o Reputation Risk Index, não são apenas as empresas de Musk que sofrem com os resultados do envolvimento com o governo norte-americano.
De acordo com a pesquisa, a associação ao nome do bilionário também representa um risco para a reputação das empresas. Entre os analistas, 28% identificaram essa relação como um dos principais perigos à imagem.
Além disso, ressaltaram que a influência de Musk sobre os negócios vai muito além das empresas que ele lidera.
O nome de Musk também surgiu diversas vezes na coleta de dados do índice, com quase 30% dos especialistas do conselho classificando a afiliação a ele — ou ser alvo de suas ações — com nota 10 de risco.
- VEJA MAIS: ‘Efeito Trump’ na bolsa pode gerar oportunidades de investimento: conheça as melhores ações internacionais para comprar agora, segundo analista
Além da IA e Elon Musk: Diversidade importa… um pouco
Outro fator que indica um forte envolvimento de Donald Trump foi o risco apresentado pelo retrocesso em iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), avaliado como o terceiro pior.
Vale lembrar que o republicano defende o fim das medidas e que, desde o início de seu segundo mandato, as big techs e outras grandes empresas passaram a se alinhar aos ideais do presidente norte-americano, especialmente em relação a políticas de diversidade.
Segundo o levantamento, cerca de 20% dos membros do conselho classificaram o retrocesso em DEI como um risco crítico. Os analistas defendem a importância de que as organizações comuniquem suas políticas de forma transparente e cultivem uma cultura inclusiva.
Isso porque a questão da DEI reflete mudanças sociais mais amplas e representa um ponto de profunda divisão, que exige uma abordagem cuidadosa.
Contudo, considerando o cenário geopolítico, um especialista avalia que o “DEI é um tema altamente sensível e difícil de ser tratado por qualquer organização no clima atual.”
Além disso, o impacto também é mais sutil do que aparenta. De acordo com a pesquisa, os funcionários demonstram maior preocupação com os retrocessos do que os consumidores, especialmente em relação à atração e retenção de talentos.
Assim, apesar de sinalizar um alerta de que a questão tem gerado maior atenção pública e reações negativas, alguns analistas questionam o quanto esse risco se sustenta a longo prazo.
“O retrocesso em DEI representa um risco real, mas, considerando o atual contexto e o amplo movimento de recuo por parte de muitos setores, [isso] dilui seu impacto”, afirmou um dos analistas.
The post Inteligência artificial e Elon Musk podem manchar a imagem das empresas? Pesquisa revela os maiores riscos à reputação em 2025 appeared first on Seu Dinheiro.