São Paulo – A gestão Ricardo Nunes (MDB) demoliu um teatro em uma área do Parque do Povo, no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo), nessa quinta-feira (15/2), e gerou revolta na comunidade artística.
Vídeos postados nas redes sociais mostram o espaço, fundado em 1974, sendo destruído por uma retroescavadeira. Imagens também mostram diversos materiais do acervo em meio ao entulho da demolição.
Questionada, a Prefeitura de São Paulo afirma que não foram identificadas atividades culturais no local, que o espaço estava irregular e que o imóvel apresentava sinal de abandono.
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A Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) classificou a demolição do local como um “ataque direto à cultura, à memória e à diversidade artística e religiosa do país“. Além das artes cênicas, o espaço também era usado para a prática de capoeira.
A SBAT cobra investigação imediata e transparente sobre os fatos ocorridos.
“A ação da prefeitura de São Paulo através da subprefeitura de Pinheiros foi truculenta, desrespeitosa e ilegal. A falta de transparência e a ausência de documentação adequada demonstram um completo desprezo pelos direitos culturais e religiosos da comunidade. A intolerância religiosa e a destruição de patrimônios culturais são crimes que devem ser investigados e punidos com rigor”, diz a nota da entidade.
A ação também foi criticada por opositores políticos da gestão Nunes, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que foi derrotado para o emedebista no segundo turno das eleições municipais no ano passado.
“O ataque sistemático à cultura é uma marca da extrema-direita e daqueles que orbitam ao seu entorno. Aqui, a Prefeitura de São Paulo descumpre uma decisão judicial e demole um espaço cultural com 50 anos de história, sem qualquer aviso prévio”, escreveu Boulos nas redes.
O que diz a gestão Nunes
A gestão Nunes afirmou que “uma área de aproximadamente 7 mil metros quadrados, que era destinada ao Parque Municipal do Povo – Mario Pimenta Camargo, vinha sendo utilizada de forma irregular e, por isso, um processo de desfazimento foi iniciado com a ciência do responsável”. A administração afirma ter notificado os responsáveis por essas atividades em 31 de julho de 2023 e não houve apresentação de documentação que comprovasse o direito de uso do imóvel público.
“Diante disso, uma ação de desfazimento foi realizada nesta quinta-feira (13). O objetivo é garantir a desapropriação e reintegração de posse”, disse.
De acordo com a administração, “não foram constatadas atividades culturais e a construção do imóvel apresentava sinais de abandono, com edifícios em ruínas ou mal-conservados”. “Além disso, alguns espaços livres vinham sendo utilizados como estacionamento pago, e havia uma banca precária na entrada que vendia bebidas”, diz a administração.
A prefeitura ainda afirmou que a capoeira pode ser praticada em parques municipais “desde que em espaços devidamente autorizados pela administração pública”. “Vale ressaltar que todos os instrumentos, quadros e objetos que estavam no local foram retirados pelo responsável da atividade, com ajuda da equipe operacional da Prefeitura de São Paulo”, diz a administração.