Três integrantes da família Eloy, dona de uma vinícola no Rio de Janeiro, foram alvos da Polícia Federal (PF) na operação Fantasos, deflagrada na manhã de quarta-feira (30/4).
Eles são suspeitos de atuar junto a Douver Braga, preso atualmente nos Estados Unidos, ajudando-o a lavar dinheiro proveniente de esquema de pirâmide com Bitcoin.
Durante a ação contra a família Eloy, a PF apreendeu dois veículos, cada um avaliado em R$ 1 milhão cada.
Os três familiares administram a vinícola da família Eloy, em Areal, na serra fluminense, e atuam recebendo visitantes para tours guiados de enoturismo e degustação de vinhos.
A ideia de criar a vinícola, segundo o site do local, surgiu a partir de uma viagem à Toscana, na Itália, onde “se apaixonaram” pela vinicultura, fazendo com que quisessem “trazer na mala a experiência vivida”.
A tradição italiana está presente inclusive na arquitetura do empreendimento, composto por construções que são chamadas de “Vila Toscana”, onde também fica uma pizzaria e a “enoteca” da Família Eloy.
Eles possuem 8,5 hectares de área plantada e trabalham com uma série de uvas. A visitação e degustação, conduzida por um sommelier, custa de R$ 95 a R$ 220 por pessoa na alta temporada, a depender do tipo de serviço contratado.
A família também está preparando a inauguração de um hotel na propriedade, que deve ser aberto ao público em meados de 2025.
Operação Fantasos
A operação investiga uma suposta fraude bilionária com o uso de bitcoins. Os alvos de busca e apreensão desta quarta-feira têm relação com Douver Braga, que está preso nos Estados Unidos em decorrência de processos abertos pelo Departamento de Justiça por esquema de pirâmide financeira.
Ele teria atraído mais de 100 mil clientes americanos e causou prejuízo estimado de US$ 290 milhões ou R$ 1,6 bilhão na cotação atual do dólar.
Braga é de Petrópolis (RJ) e fundador do Trade Coin Clube (TCC), empreendimento de criptomoedas que oferecia altos lucros aos investidores.
Segundo as apurações, a TCC oferecia um serviço com base em robô que supostamente realizava milhões de microtransações com Bitcoins por segundo.
De acordo com os investigadores americanos, não havia plataforma de investimento nem o software sofisticado oferecido pelo TCC.
Atualmente, Braga está preso nos EUA, para onde foi extraditado em fevereiro após ser detido na Suíça. A investigação da PF conta com a cooperação do FBI, a polícia federal americana.
Após entrar na mira das autoridades americanas, Braga chegou a retornar ao Brasil e, segundo investigadores, passou a empreender ações para lavar o dinheiro angariado nas fraudes com criptomoedas.
Além de criar várias empresas de fachada em nome de familiares, ele também estabeleceu parcerias com empresários brasileiros visando a lavagem dos valores, segundo a investigação.
Os integrantes da família Eloy são alguns desses parceiros e, por isso, foram alvos da operação da PF.
Batizada de Operação Fantasos, a ação, diz a PF, tem como objetivo “combater a prática de crimes financeiros e lavagem de dinheiro por meio de criptoativos.”
Cerca de 50 policiais federais cumprem 11 mandados de busca e apreensão domiciliar nas cidades de Petrópolis (RJ) e Angra dos Reis (RJ).