Foi sutil, mas significativo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a previsão de crescimento da economia brasileira em 2025 de 2,0% para 2,3%, uma revisão de 0,3 ponto percentual em relação às estimativas de abril.
O relatório, no entanto, não veio apenas com boas notícias. Ao mesmo tempo que reconheceu os avanços do país, o FMI fez um alerta: o Brasil precisa ser mais ambicioso no controle da dívida pública.
Segundo o Fundo, isso é essencial para abrir espaço a novos investimentos, reduzir juros e sustentar um crescimento econômico saudável — sem depender de mais endividamento.
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O tom do relatório mistura reconhecimento e cobrança. O FMI destacou que os esforços das autoridades brasileiras para melhorar a situação fiscal, mesmo diante das demandas por mais investimentos e gastos sociais, são “bem-vindos”. Ao mesmo tempo, apontou que “medidas adicionais são justificáveis”.
“A equipe recomenda um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso, amparado por um arcabouço fiscal melhorado, mobilização de receita e medidas para as despesas”, afirma o documento.
Na prática, isso significa: manter as contas públicas equilibradas, com regras fiscais mais sólidas, aumento da arrecadação e maior eficiência nos gastos.
FMI e a Inflação e o juros
O FMI reconheceu que o crescimento da economia brasileira tem superado as expectativas nos últimos anos. Para o médio prazo, a previsão é de uma expansão de 2,5% ao ano.
Esse desempenho, segundo o relatório, será sustentado pela normalização da política monetária e por fatores estruturais, como a implementação da reforma tributária e a aceleração da produção de hidrocarbonetos.
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O alerta, no entanto, persiste. Na avaliação do Fundo, há chances de o crescimento ficar abaixo do previsto, principalmente por conta das incertezas no cenário externo.
“Reformas estruturais adicionais e a implementação do Plano de Transformação Ecológica trariam melhora adicional à perspectiva de crescimento de médio prazo”, pontuou o FMI. Em outras palavras: sem essas reformas, o país pode crescer menos do que o projetado.
Para a inflação, a expectativa do FMI é de 5,2% no fim de 2025, com convergência para a meta de 3% apenas em 2027.
O relatório também comentou a atuação do Banco Central, classificando como “apropriada” a retomada do ciclo de alta da Selic em setembro do ano passado. A decisão, segundo o Fundo, foi necessária diante de uma economia aquecida — operando acima do seu potencial — e de expectativas de inflação que permaneciam acima da meta.
“No contexto de elevada incerteza sobre políticas globais e de expectativas de inflação acima de níveis consistentes com a meta, manter a flexibilidade no ritmo e duração do ciclo de alta da Selic é prudente”, afirmou.
Economia robusta em meio às incertezas
Apesar dos desafios, o FMI destacou a resiliência da economia brasileira diante das turbulências internacionais.
O documento cita que o país conta com uma espécie de “rede de proteção”, composta por “um sistema financeiro sólido, reservas internacionais adequadas, baixa dependência de dívida em moeda estrangeira, grandes colchões de liquidez do governo e uma taxa de câmbio flexível continuam sustentando a resiliência do Brasil”.
Esses elementos, segundo o Fundo, ajudam a blindar o Brasil contra choques externos.
O relatório também dedicou espaço para elogiar os avanços do Brasil em inovação no setor financeiro.
O FMI apontou que o Pix já responde por 49% de todos os pagamentos eletrônicos no país, sendo hoje o meio mais utilizado.
O documento também citou os progressos do Drex, a moeda digital do Banco Central. O projeto já entrou na segunda fase de testes, que envolve a avaliação de novos casos de uso, integração com plataformas externas e desenvolvimento de soluções para garantir a privacidade dos dados.
Assim como aconteceu com o Pix, a expectativa é que o Drex amplie ainda mais a inclusão financeira e aumente a eficiência do sistema.
Sobre o setor bancário, o FMI destacou que o sistema financeiro brasileiro segue resiliente, mesmo após a elevação dos juros.
No entanto, fez um alerta sobre o nível de endividamento das famílias. “São necessárias reformas para facilitar a redução do endividamento das famílias”, apontou.
O relatório também avaliou que os bancos públicos estão bem capitalizados, lucrativos e líquidos, e que o crédito concedido por essas instituições deve seguir focado em corrigir falhas de mercado, especialmente no apoio ao investimento de longo prazo.
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