Um dos grandes atrativos dos fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros) são os dividendos depositados mensalmente na conta dos investidores. Por isso, a notícia de que o Itaú Asset Rural (RURA11) iria distribuir proventos 40% menores neste mês foi um baque para seus 89 mil cotistas.
Buscando amenizar o susto, a gestora do fiagro utilizou o último relatório gerencial do fundo agro para explicar a situação e esclarecer até quando os dividendos devem permanecer no patamar reduzido.
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De acordo com o documento, o provento será menor durante três meses, contados a partir de outubro, para que o RURA11 possa recompor sua provisão para eventuais perdas e fazer uma “pequena reserva adicional” de lucro passível de distribuição.
Após o fim do trimestre de restrições, a expectativa é voltar “gradativamente” aos patamares de distribuição anteriores a partir de 2025. Mas a gestão faz um alerta: “ressaltamos que essa é a nossa melhor análise nesse momento, utilizando-nos das informações que dispomos, porém, tais estimativas podem não se concretizarem.”
Os desafios da carteira do RURA11 que afetam os dividendos
O corte nos proventos para provisão é necessário pois cerca de 4,3% da carteira, composta majoritariamente por títulos de crédito ligado ao setor agro, está em “situação adversa”. Ademais, outros 2,6% do portfólio estão em watchlist — ou seja, em monitoramento mais próximo.
Entre eles, os dois casos que mais preocupam, ligados a dois Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), já estão provisionados.
O primeiro é o CRA Consentini, lastreado em um produtor rural de grãos e pecuária do Tocantins e Goiás. Segundo o relatório, o RURA11 está negociando com o devedor e o avalista uma possível resolução extrajudicial.
“Mas se o ativo tornar-se inadimplido, sem que tenhamos uma solução amigável para o pagamento do crédito, seguiremos com a execução”, diz a gestão.
Já no caso do Portal Agro, atualmente em recuperação judicial e cuja exposição se dá por meio da cota sênior de outro CRA, os recebíveis inadimplidos são cobrados judicialmente e extrajudicialmente pela securitizadora.
Vale destacar que os ativos com problemas contam com garantias como fazendas e carteiras de recebíveis. A gestão ressalta ainda que os 93% restante da carteira do RURA11 está saudável.
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