São Paulo — Líderes da organização criminosa alvo de operação da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo (MPSP) nesta segunda-feira (24/3) mantinham um estilo de vida luxuoso, com aquisição de Ferrari, Lamborghini, lanchas, jet sky e imóveis de alto padrão, além da presença em camarotes VIPs de shows e eventos.
A quadrilha era voltada a roubos de cargas e caminhões, desmanche, receptação e lavagem de dinheiro, em três núcleos especializados. Os investigados têm base em São Paulo, mas agem em diversos estados.
Além de mandados de prisão e de busca e apreensão, foi decretado o sequestro de bens e valores do grupo, totalizando R$ 70 milhões.
Ao todo, 110 policiais federais e 100 agentes da Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo, que dá suporte à chamada Operação Hammare, estão cumprindo 17 mandados de prisão temporária e 24 de busca e apreensão em São Paulo, no Paraná, em Rondônia e no Rio Grande do Sul. As ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Cajamar.
A investigação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Grupo Especializado em Repressão a Crimes de Roubo de Cargas e Caminhões da Delegacia de Polícia Federal em Campinas, teve início em 2023, depois de um roubo de carga e caminhão ocorrido na cidade de Cajamar no dia 17 de julho.
Por meio de empresas de peças e manutenção de veículos, a organização dedicou-se à receptação e comercialização de caminhões, peças e motores roubados, inclusive especificando o tipo e modelo de veículo que desejavam subtrair.
Desarticulação do grupo
Ante a complexidade cada vez maior para a investigação dos integrantes dos grupos de desmanche e receptação, optou-se pela desarticulação imediata do braço que executava os roubos, cuja atuação ininterrupta levou à meia centena de delitos já identificados entre 2021 e 2024.
Os responsáveis pelos roubos e dois dos receptadores contra os quais já havia provas suficientes foram presos durante as operações Aboiz (2023) e Cacaria (2024), deflagradas justamente para encerrar a atividade violenta e permanente de roubos da organização.
O material apreendido em ambas e a análise de dados telemáticos, financeiros e bancários permitiram a correta identificação dos investigados dos grupos de desmanche e receptação, assim como seus papéis dentro da organização, incluindo os líderes e financiadores, resultando na ação desta segunda.
A Operação Hammare, que significa martelo em sueco, faz uma referência cruzada ao principal instrumento dos criminosos para acessar as cabines dos veículos, quebrando os vidros enquanto os motoristas descansavam, bem como à especialidade da organização criminosa em marcas suecas de caminhões.
A PF vem investindo no grupo que trabalha em conjunto com o Gaeco e com outras forças de segurança, visando à desarticulação de organizações voltadas especialmente ao roubo de cargas e caminhões nas rodovias brasileiras. Houve mais de 200 prisões e a desarticulação de várias organizações criminosas por meio das Operações Rapina (em 2022), Insídia, Malta, Caterva, Malta II, Volvere, Cicônia, Aboiz (2023), Cacaria Barrière, Vitreum e Ladinos (2024).