Na farra do INSS, a menor preocupação de governo e oposição é com os aposentados e pensionistas roubados por essas organizações criminosas conhecidas como associações e sindicatos disso e daquilo, que já deveriam ter sido hermeticamente fechadas.
Neste preâmbulo de abertura de CPI, ambos os lados atuam quase que exclusivamente para jogar no colo do outro a responsabilidade pela roubalheira bilionária, que começou sob Jair Bolsonaro e intensificou-se sob Lula. As vítimas que se danem no inferno da burocracia para terem o dinheiro devolvido.
Não há inocentes nessa história, seja por leniência ou por cumplicidade, mas não se pode perder de vista, no inventário de culpas, que essas associações nasceram de costelas dos sindicatos companheiros do petismo.
A fonte financeira dos sindicatos, igualmente bilionária, secou depois da aprovação da reforma trabalhista, em 2017, quando a tunga conhecida como imposto sindical foi extinta e, ato contínuo, a sua ressurreição virou bandeira petista.
Como a fonte secou, está evidente que companheiros de luta viram nos descontos associativos de aposentados e pensionistas uma forma de matar a sua sede por dinheiro do trabalhador — e o caminho se abriu para a gatunagem que o ministro Flávio Dino chamou de “tragédia social”.
A tragédia é a normalidade brasileira, mas não é o destino insondável que a tece por meio de homens inconscientes do alcance das suas ações, como ocorre na tragédia grega.
A tragédia brasileira é urdida conscientemente, meticulosamente, sadicamente até, pela quase totalidade daqueles que ocupam posições de poder político e econômico no país, e o “quase” é otimismo da minha parte.
Como a tragédia brasileira não tem fim, está longe de ser improvável que salvadores da pátria apontem a ressurreição do imposto sindical como remédio preventivo de roubalheiras como a que vitimou aposentados e pensionistas. Milhões deles, em escala jamais vista.