A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (4) sobre o que pensa o mercado financeiro mostra uma piora na avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre gestores, economistas, analistas e operadores (traders) de fundos de investimento, a reprovação do presidente saltou de 64% para 90% desde o levantamento anterior, feito em março.
Com isso, o indicador voltou à marca do início do mandato, quando nove a cada dez profissionais de fundos de investimento também tinham uma avaliação negativa do governo.
A pesquisa, a segunda deste ano, foi realizada nos últimos cinco dias — entre 29 de novembro e 3 de dezembro —, capturando, portanto, a reação negativa do mercado financeiro ao pacote de ajuste fiscal anunciado na quarta-feira da semana passada.
Foram feitas 105 entrevistas junto a fundos de investimento com sede em São Paulo e Rio de Janeiro.
A avaliação regular do governo Lula caiu, em relação à pesquisa de março, de 30% para 7%, ao passo que a aprovação (avaliação positiva) cedeu de 6% para 3%.
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Lula piora e Haddad é visto como enfraquecido
Além disso, a pesquisa revelou uma percepção de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, junto com a perda de credibilidade da política fiscal.
A avaliação positiva do mercado em relação ao trabalho de Haddad caiu para 41%, frente aos 50% do levantamento anterior, feito em março.
Para 61%, o ministro da Fazenda perdeu força desde o início do mandato, sendo que em março apenas 14% tinham esta impressão.
Isso porque a avaliação de 58% dos entrevistados é de que o arcabouço fiscal, que estabelece metas de redução do déficit nas contas públicas e limites para os gastos, perdeu toda a credibilidade. A parcela restante, 42%, entende que restou pouca credibilidade à regra.
Conforme a Genial/Quaest, na esteira das medidas de contenção de despesas públicas consideradas nada satisfatórias por 58%, mais de um terço do mercado (37%) entende que o arcabouço se sustenta apenas até o ano que vem.
É praticamente generalizada a avaliação, manifestada por 96% dos participantes da pesquisa, de que a política econômica avança na direção errada – um aumento em relação à parcela que tinha esta percepção em março: 71%.
O outro lado da pesquisa
Com isso, apesar de indicadores de atividade acima que surpreenderam neste ano os economistas, a expectativa de piora da economia nos próximos 12 meses subiu de 32% para 88%.
A ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil, proposta junto com o pacote, é tida por 85% como uma medida que tende a prejudicar a economia, e metade dos entrevistados (50%) vê como muito provável sua aprovação no Congresso.
Apesar disso, aumentou, de 23% para 39%, a avaliação de que, em geral, é baixa a capacidade do governo de aprovar sua agenda no Legislativo.
Após a divulgação do pacote de contenção de gastos, 67% dos fundos dizem que vão aumentar sua posição no exterior.
Com 66% do mercado colocando na conta uma aceleração da alta dos juros para 0,75 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem, um terço (34%) aposta que o ciclo de aperto monetário terminará com a Selic acima de 14%.
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Lula em 2026: candidatos e opositores
Sobre as eleições de 2026, sete a cada dez profissionais de fundos (70%) acreditam que Lula tentará a reeleição, mas a maioria (66%) não vê o atual chefe do Executivo como favorito.
Com Jair Bolsonaro inelegível — mais da metade (55%) aposta na prisão do ex-presidente —, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deveria ser o candidato da direita na corrida pelo Palácio do Planalto daqui a dois anos, conforme avaliam 78%.
Já caso Lula não seja candidato, 82% acreditam que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deverá disputar o pleito pela esquerda.
Quanto à confiança do mercado em figuras classificadas como lideranças políticas, Lula, junto com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é quem tem o pior resultado: 97% não confiam ou confiam pouco no presidente.
Já Roberto Campos Neto, é o mais bem avaliado: 70% confiam muito no atual presidente do Banco Central (BC), cujo mandato termina ao fim deste mês.
Em relação ao diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que assume o comando do BC em janeiro, pouco mais da metade (55%) disseram confiar pouco ou nada.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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