O Exército Brasileiro procura parentes do primeiro-tenente da reserva João Sady Brasil Colpo para fazer a entrega de um acervo de armas e equipamentos restritos à família. O tenente, já falecido, era veterano da Campanha da Legalidade, mobilização civil e militar que garantiu a posse de João Goulart contra o veto imposto pelos ministros das Forças Armadas após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961.
O acervo de Produtos Controlados pelo Exército (PCE) de Colpo está à disposição do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC), na 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada em Santiago, no Rio Grande do Sul. Ele é composto por armamentos, peças, equipamentos e munições armazenados em nome do militar.
Até o momento, o Exército não tem registro de qualquer parente vivo de Colpo. Os herdeiros, caso sejam localizados, têm até o mês de maio para “informar ao SFPC a destinação do acervo de PCE que se encontra no nome do ‘de cujus’”.
Campanha da Legalidade
A renúncia de Jânio Quadros levou o Brasil à beira de uma guerra civil, com militares fiéis aos ministros das Forças Armadas – anticomunistas que não aceitavam a posse de João Goulart – em confronto direto com as tropas legalistas. O III Exército, com sede em Porto Alegre e ao qual estava vinculado o então sargento João Sady Brasil Colpo, passou para o lado legalista e enfrentou as tropas contrárias a Goulart em diversas operações militares no litoral sulista e na divisa com o Paraná.
A Campanha da Legalidade também reuniu políticos, organizações civis e veículos de comunicação em diversas manifestações e greves promovidas contra os ministros militares: o marechal Odílio Denys, da Guerra, o vice-almirante Sílvio Heck, da Marinha, e o brigadeiro do ar Gabriel Grün Moss, da Aeronáutica. Goulart tomou posse em agosto de 1961, depois que o Congresso Nacional aprovou a mudança do sistema de governo para o parlamentarismo.