Uma estudante da Universidade da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, descobriu um fungo que vive em sementes de plantas e produz substâncias químicas com efeitos semelhantes aos do LSD. O estudo sobre o fungo foi publicado na revista científica Mycologia, em abril.
Durante uma pesquisa de campo, a discente de microbiologia Corinne Hazel encontrou um fungo desconhecido nas sementes de ipomeia-mexicana (Ipomoea tricolor) uma espécie de planta com flor da família Convolvulaceae, nativa de áreas das Américas com clima tropical.
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O fungo, batizado de Periglandula clandestina, produz alcaloides do ergot, um grupo de substâncias químicas conhecidas por seus efeitos psicoativos. Esses alcaloides pertencem à mesma classe do composto que deu origem ao LSD, criado pelo químico Albert Hofmann na década de 1930.
Hofmann tentava explorar a apropriadas medicinais de outro fungo, o Claviceps purpurea, que contaminava grãos de centeio, quando percebeu que ele possuía efeitos psicoativos. O químico também suspeitava que os efeitos psicodélicos das ipomeias vinham de um fungo associado à planta, mas nunca conseguiu identificar o microrganismo.
“Tive sorte de ter encontrado esta oportunidade. As pessoas procuram este fungo há anos. Um dia procurei no lugar certo e lá estava ele”, conta Corinne em comunicado à imprensa.
Fungo presente em planta pode ajudar no tratamento de enxaquecas
O microrganismo estava presente na penugem das cascas das sementes das ipomeias. Após análise realizada por sequenciamento de DNA, os pesquisadores da Universidade da Virgínia Ocidental confirmaram a descoberta de uma nova espécie de fungo, o Periglandula clandestina. O nome foi dado em referência à natureza escondida e difícil de detecção.
Importância do alcaloides de ergot
Os alcaloides de ergot são produzidos apenas por fungos. Estudos mostram que eles podem ser utilizados medicinalmente, para tratar condições como enxaquecas. No entanto, os pesquisadores alertam que essa substância pode ser tóxica, dependendo da quantidade consumida.
“Muitas coisas são tóxicas, mas se administradas na dosagem correta ou modificadas, podem ser fármacos úteis. Ao estudá-las, podemos descobrir maneiras de contornar os efeitos colaterais. Essas são questões importantes para a medicina e a agricultura”, explica o professor Daniel Panaccione, coautor do estudo.
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