Parece que não é uma simples briga de casal — o bilionário Elon Musk e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agora travam uma batalha pelo futuro da política fiscal norte-americana.
De “decepcionado” com o pacote de cortes de impostos, Musk passou a chamá-lo de “abominação repugnante”. Nesta quarta-feira (4), ele foi além. Em sua rede social X, apelou: “KILL the BILL” — ou, em tradução livre, “MATE o PROJETO”, em uma referência ao filme Kill Bill, de Quentin Tarantino.
Direcionando o recado ao Congresso, Musk abandonou de vez o papel de aliado e passou a pedir que senadores e deputados derrubem o texto que, segundo ele, colocaria os EUA em “escravidão por dívidas”.
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“Liguem para seu senador, liguem para seu deputado”, escreveu.
“Falir os Estados Unidos NÃO é aceitável!”
“Um novo projeto de gastos deveria ser elaborado — um que não aumente drasticamente o déficit nem eleve o teto da dívida em 5 TRILHÕES DE DÓLARES.”
Musk agora é munição da oposição
A ofensiva de Musk começou na terça-feira (3), quando classificou o texto como uma “aberração nojenta”. Agora, suas palavras têm sido usadas até por democratas no Congresso para reforçar a resistência ao projeto.
“Nas palavras de Elon Musk, esse projeto é uma ‘aberração nojenta’”, afirmou o deputado Brendan Boyle, da Pensilvânia, principal democrata no Comitê de Orçamento da Câmara.
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O projeto de Trump, batizado informalmente de One Big Beautiful Bill Act (‘Um grande e belo projeto’, em português), promete cortar impostos e reduzir gastos. Mas, segundo a análise divulgada nesta quarta-feira pelo Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), deve elevar o déficit dos EUA em US$ 2,4 trilhões na próxima década.
O texto também prevê que cerca de 10,9 milhões de pessoas fiquem sem seguro de saúde, a maior parte devido a mudanças nas regras do Medicaid. Segundo o CBO, 7,8 milhões de pessoas perderiam a cobertura, incluindo 5,2 milhões afetadas por novas exigências de trabalho.
Mesmo com o alerta, Trump pressiona o Congresso para enviar a versão final do projeto à sua mesa até 4 de julho. A Câmara aprovou o projeto no mês passado por apenas um voto e enfrenta dificuldades no Senado, onde até mesmo republicanos pedem mudanças.
Mais do que política
As motivações de Musk para romper com Trump não parecem apenas ideológicas. Segundo fontes ouvidas pela NBC News, o bilionário teria se irritado com a exclusão de um crédito tributário para veículos elétricos no novo projeto — benefício que favorecia diretamente a Tesla.
Além disso, Musk teria tentado seguir como “funcionário especial do governo” por mais tempo que o limite legal de 130 dias. A Casa Branca recusou.
Outros atritos também pesaram: o governo Trump rejeitou a proposta de Musk para que a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA operasse com base na rede de satélites Starlink, e ignorou a indicação preferida do bilionário para o comando da Nasa.
Trump, que elogiou Musk em sua despedida da Casa Branca na última sexta-feira, ainda não respondeu diretamente à série de críticas. Mas, na tarde de quarta-feira, sua conta na rede Truth Social repostou uma antiga mensagem em que Musk agradecia por ter liderado o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

*Com informações da CNBC e Associated Press
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