Procura-se CEO para montadora multinacional de veículos elétricos. Pré-requisitos: não ser associado ao governo norte-americano — é uma brincadeira, mas poderia ser real.
O fato é que o jornal The Wall Street Journal publicou na noite passada (30) uma reportagem em que diz que o conselho de administração da Tesla teria iniciado há um mês um processo de busca e seleção de um executivo para substituir Elon Musk na posição de CEO da companhia.
Os conselheiros teriam entrado em contato com diferentes empresas de recrutamento de executivos, segundo fontes do WSJ. Entretanto, a reportagem não soube dizer em que pé estava esse planejamento atualmente.
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Não demorou muito para que a Tesla respondesse à matéria.
Robyn Denholm, presidente do conselho de administração da montadora, negou as informações do jornal em uma publicação na rede social X (ex-Twitter). Ela disse que a reportagem era “absolutamente falsa” e que já tinha deixado isso claro antes da veiculação do texto.
“O CEO da Tesla é Elon Musk, e o Conselho está altamente confiante em sua capacidade de continuar executando o empolgante plano de crescimento que temos pela frente”, disse a nota.
Elon Musk também se pronunciou sobre o assunto no X, afirmando que o WSJ foi antiético ao publicar um conteúdo “deliberadamente falso” e não incluir a negação “inequívoca” dos conselheiros da Tesla.
Nesta quinta-feira (1), as bolsas estão abertas em Nova York e as ações da Tesla andam de lado, com 0,11% de alta, a US$ 282,47, por volta das 11:15 (horário de Brasília).
Na noite de ontem, porém, quando a matéria do WSJ foi ao ar, as ações caíram 4% no pós-mercado.
O que o WSJ disse
A matéria afirma que investidores e conselheiros da Tesla estavam incomodados com a atenção de Elon Musk quase que exclusiva às suas iniciativas no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) da Casa Branca nos primeiros meses do ano.
Enquanto o bilionário se dedicava às suas funções no governo Trump, os negócios da Tesla e o desempenho das ações na bolsa iam mal.
O preço das ações TSLA negociadas em Nova York chegaram a cair quase 50% neste ano, mas se recuperaram um pouco com o alívio dos mercados ao fim de abril.
Mas esse alívio não chegou aos negócios da montadora, que desde o começo do ano não vão bem.
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No último balanço, relativo ao período de janeiro a março, a montadora reportou uma queda acentuada nas vendas, com os lucros despencando 71%.
Para piorar, as comparações com a chinesa BYD se acentuaram: enquanto a americana vê seus negócios afundando, a chinesa dobrou o lucro entre janeiro e março e registrou um aumento de 60% nas vendas do período.
O jeito foi Musk vir a público para a sua versão do “Dia do Fico”.
O bilionário anunciou junto com a divulgação do balanço que dedicaria mais tempo aos seus negócios e menos tempo ao seu trabalho no governo Trump. Ressaltou que não sairia do cargo no DOGE, apenas exerceria a função por “um ou dois dias da semana”.
O anúncio foi o suficiente para as ações da Tesla não afundarem com os resultados ruins, mas se apegarem à perspectiva do CEO de volta à sua função.
Segundo o WSJ, não estava claro se o retorno anunciado de Musk alterou o status do planejamento da sucessão do CEO. Também não estava claro se Musk — sendo ele próprio membro do conselho — estava ciente do esforço dos membros nesta busca.
A matéria diz que os conselheiros chegaram a conversar com o bilionário pedindo que ele dedicasse mais tempo à empresa, um pedido ao qual, na época, Musk não teria dado muita atenção.
Qual a situação da Tesla?
Se Musk fica ou sai, o tempo dirá. Mas, caso fique, têm muito trabalho pela frente.
Analistas do mercado financeiro têm apontado um futuro nebuloso para a montadora de veículos elétricos. O Bank of America já cortou o preço alvo das ações duas vezes neste ano e reduziu a recomendação de compra para neutro, ainda no começo do ano.
As tarifas de importação de Donald Trump afetam a linha de produção da empresa. Além disso, o projeto de robôs-táxi autônomos está atrasado, e a confiança do consumidor com a marca decaiu com a entrada de Musk no governo.
Por outro lado, a BYD comemora recordes. A empresa conta com incentivos financeiros do governo chinês, investimentos para expansão internacional e o lançamento de linhas mais acessíveis do ponto de vista financeiro.
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