A forma como definimos a obesidade hoje em dia está errada, em termos médicos. Mais do que uma definição “preto no branco” – que separa as pessoas em grupos de obesos e não-obesos –, um novo estudo é categórico ao afirmar: a obesidade é um espectro.
E isso pode mudar completamente a forma como medicamentos estilo Ozempic são aplicados e receitados pelos médicos.
A pesquisa, publicada pelo periódico científico The Lancet Diabetes & Endocrinology, tem o apoio de mais de 50 médicos especialistas no tema pelo mundo.
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Atualmente, o cenário é o seguinte: a obesidade é tipicamente definida a partir do IMC, o Índice de Massa Corporal, que é calculado a partir do peso e da altura do paciente.
Quando o número é maior que 25, a pessoa já pode ser considerada com “sobrepeso”. Acima de 30, obesidade.
Injeções de emagrecimento, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, geralmente são restritas a pacientes com IMC acima de 30 e com algum problema de saúde relacionado ao peso.
Qual deveria ser a nova definição de obesidade, segundo o estudo
O que os autores do estudo propõem é a separação das pessoas consideradas obesas em dois grupos, sem usar o IMC como base:
- As clinicamente obesas, que têm os órgãos e o dia a dia afetados pelo peso excessivo. É nesses casos que o tratamento com medicamentos ou cirurgia seria indicado.
- As pré-clinicamente obesas, que têm risco à saúde, mas ainda não apresentaram nenhum sintoma de doença atrelada à obesidade (diabetes tipo 2, dor nas juntas ou problema de coração). Para elas, a recomendação é aconselhamento e monitoramento, para evitar que os sintomas se desenvolvam.
De acordo com a pesquisa, em um período no qual as drogas de emagrecimento estão sendo prescritas em larga escala, redefinir a obesidade é “ainda mais relevante” porque oferece diagnósticos mais certeiros. Atualmente, muitas pessoas são diagnosticadas como “obesas”, mas não recebem o tratamento certo, dizem os autores.
O que pode-se pressupor disso é que nem toda pessoa considerada obesa nos termos atuais teria uma indicação médica para injeções das empresas Novo Nordisk e Eli Lilly – as maiores players do mercado.
A pesquisa ainda ressalta que os médicos deveriam se atentar ao histórico familiar do paciente para mapear os riscos.
“Alguns indivíduos com obesidade podem manter a função normal dos órgãos e a saúde geral, mesmo a longo prazo, enquanto outros já apresentam sinais e sintomas de doença grave no momento presente”, disse o professor Francesco Rubino, do King’s College London, responsável por liderar o estudo.
O professor esclarece que a obesidade é um risco à saúde, em todas as ocasiões. A diferença é que, em determinados casos, ela também pode ser considerada uma doença.
As estimativas são de que mais de um bilhão de pessoas vivem em condição de obesidade, ao redor do mundo.
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Por que o IMC não é a métrica adequada
O “problema” de usar o IMC como métrica, na visão dos pesquisadores, é que ele se baseia no peso, não na quantidade de gordura.
Atletas extremamente musculosos podem ter um IMC alto por causa do peso, mas terem pouquíssimo de gordura.
Em larga escala, o IMC ajuda a ter uma noção geral do percentual da população que está com peso saudável ou sobrepeso. Mas, falando de casos individuais, ele não revela muito sobre a saúde dos pacientes; se há doenças cardíacas, por exemplo.
O mais recomendado seria, portanto, ter um histórico médico detalhado e medir a cintura do paciente ou a quantidade de gordura no corpo – não apenas olhar o número IMC.
* Com informações da BBC.
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